Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Dificuldades Adicionais Para o Mundo Desenvolvido

20 de julho de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais | Tags: ,

Os países árabes exportadores de petróleo viveram décadas colocando os seus excedentes financeiros no exterior, pois os seus governantes magnatas não precisavam se preocupar muito com o bem-estar de seus súditos. Mas, com a Primavera Árabe, as coisas mudaram, e mesmo países do Golfo Pérsico, como a Arábia Saudita, Kuwait, Bahrain e Omã, estão sendo obrigados, agora, a se preocupar com o atendimento de suas populações, melhorando as condições de suas vidas e criando emprego internamente.

Até recentemente, os magnatas árabes compravam títulos do governo dos Estados Unidos, imóveis na Inglaterra e outros países europeus com as receitas obtidas pela venda de petróleo, concedendo um mínimo de benefícios para suas populações locais. Mas, depois dos acontecimentos no Norte da África, que se estendem pelos demais países árabes, o quadro mudou radicalmente, exatamente no momento em que os países que antes eram beneficiados agora contam com maiores necessidades.

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O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, se curva diante do rei Abdullah, da Arábia Saudita

Muitos países árabes privilegiados concediam aos seus cidadãos bolsas para estudarem na Europa, mas o número dos beneficiados sempre foram minorias. Os inúmeros membros das famílias imperiais viviam nababescamente, mas agora temem as pressões populares que estão se manifestando, ainda de forma isolada. Outros vizinhos estão sendo obrigados a mudar seus regimes, diante de todo o movimento que ocorre no mundo árabe.

Os investimentos que efetuavam nos seus países eram voltados aos turistas ou a elite local, sempre limitada em número. Os trabalhadores eram estrangeiros, para as melhores posições, o que agora se tornou insustentável. Os luxuosos investimentos em marinas e outras facilidades precisam ser mudados para moradias para seus habitantes, bem como atividades que criem empregos. Mas eles não estão preparados para administrar negócios deste tipo, pois viviam das aplicações financeiras, contavam com empregados para administrar os seus imóveis, chegando até a adquirir controles de clubes de futebol pela Europa.

Com as dificuldades financeiras por que passam os Estados Unidos e muitos países europeus sem as aplicações destes árabes, os problemas se agravam, principalmente se tiverem que retornar os recursos que estavam aplicados. Estes ajustes são sempre difíceis, mas necessários, pois muitos soberanos árabes estão vendo o chão aos seus pés ficar abalado. Nem todos conseguirão, pois as repercussões destes movimentos populares são quase incontroláveis, e o emprego da força acaba resultando no agravamento da situação.

Lamentavelmente, são problemas que se adicionam aos existentes, como consta de um artigo da Camila Hall, publicado no Financial Times de hoje.



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