Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Disputa com os Chineses Sobre Terras Raras

25 de agosto de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Política, webtown | Tags: , , | 8 Comentários »

Se existe um produto hoje bastante disputado no mundo, ele é a chamada terras raras, que conta praticamente com um monopólio chinês, pois as produções de outros países demandam alguns anos para serem aumentadas, e mesmo assim continuarão limitadas. A China atua no sentido das empresas que necessitam estes produtos se instalem naquele país, entre eles carros híbridos, telefones celulares e lâmpadas eficientes no consumo de energia. As empresas de alta tecnologia que necessitam destes produtos estão sendo induzidas a se instalar na China. Empresas japonesas e norte-americanas estão efetuando movimento neste sentido.

O assunto é considerado tão importante que é conduzido na China pelo primeiro-ministro Wen Jiabao pessoalmente. O painel da Organização Mundial de Comércio está tentando resolver a disputa, mas trata-se de assunto que demanda muito tempo. Os chineses alegam que limitam a exportação de terras raras por problemas de meio ambiente e escassez de ofertas. Atualmente, a China tem 94% das minas mundiais de terras raras, ou seja, 60% do consumo mundial em tonelagens, que deve se elevar para 70% no próximo ano.

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Os chineses estão impondo cotas para a sua exportação, bem como impostos elevados. Muitos são os tipos de minerais considerados terras raras, e o óxido de cerium custa US$ 110.000 por tonelada, que custava US$ 3.100 a dois anos passados. Como a China impõe quotas e pesados impostos de exportações sobre estes produtos, muitas empresas são obrigadas a se instalar naquele país.

Algumas empresas chinesas contam com o seu fornecimento a preços privilegiados. Empresas estrangeiras que se instalam naquele país são obrigadas a manter segredos sobre o seu uso.

Outros países, como a Austrália e os Estados Unidos, procuram aumentar a sua produção, mas suas possibilidades são limitadas. A política chinesa com relação a este produto está em discussão na Organização Mundial de Comércio, mas a decisão deve demandar muito tempo, e muitas empresas preferem se instalar na China. E ela controla a sua utilização. A China oferece algumas vantagens para que empresas estrangeiras se instalem lá para a sua utilização naquele país.

Existem muitos tipos das chamadas terras raras, mas sem dúvida a sua disponibilidade é maior na China, que tira vantagens desta situação. Não se trata de um assunto fácil de ser administrado, e os chineses tiram o máximo partido desta situação.


8 Comentários para “Disputa com os Chineses Sobre Terras Raras”

  1. Cralos Silva
    1  escreveu às 13:51 em 26 de agosto de 2011:

    Doutor Yokota:

    Boa tarde! Li, hoje, a coluna da Miriam Leitão no jornal O GLOBO falando sobre o Japão e, assim, gostaria de saber se o senhor está de acordo com a citada jornalista. Além disso, o premier do Japão Naoto Kan renunciou… A Terra do Sol Nascente está num”indefinição política”, não é mesmo?

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 00:09 em 27 de agosto de 2011:

    Caro Carlos Silva,

    Não tenho o hábito de ler as notas desta jornalista, mas como V. citou-a, procurei a notícia. V. não acha que existe uma dificuldade no raciocínio dela? Se os rating dados para o Japão e para os Estados Unidos não funcionam, não se pode desconfiar que elas apresentam alguns problemas?
    Paulo Yokota

  3. Alyson do Rosário Junior
    3  escreveu às 14:04 em 26 de agosto de 2011:

    A China tem razão em obter o máximo proveito possível(dentro das regras comerciais é claro) das vantagens que a natureza lhes proporcionou, tendo o quase monopólio destes minerais.

    É um país poderoso o suficiente para garantir sua posse, não obstante os interesses econômicos de potências hostis e pragmáticas em maximizar seus ganhos. Os chineses já foram dominados por europeus, norte-americanos e japoneses, sabem muito bem o que é ser saqueados. O jogo geopolítico não é para os fracos, vide o caso líbio.

    Entretanto a América Latina e outras regiões também devem tomar cuidado com um suposto imperialismo chinês e defender seus interesses de modo resoluto.

  4. Paulo Yokota
    4  escreveu às 00:04 em 27 de agosto de 2011:

    Caro Alyson do Rosário Junior,

    As medidas como as chinesas sobre terras raras acabam gerando alternativas, tendo um efeito limitado no tempo, como eles mesmo reconhecem. Sempre é muito difícil manter uma condição de monopólio.

    Paulo Yokota

  5. Juliana Gomes
    5  escreveu às 13:02 em 27 de agosto de 2011:

    Sr. Paulo Yokota, prefiro, honestamente, os seus pareceres técnicos sobre o Japão, a China e o Brasil do que os artigos da Miriam Leitão. Afinal de contas, o senhor é economista formado pela tradicional USP e, ademais, ministrou aulas nesta renomada instituição. Leitão é apenas jornalista e nunca, que eu saiba, cursou Economia. Sinto-me mais segura com os seus trabalhos que, por aqui, são divulgados.

  6. Paulo Yokota
    6  escreveu às 17:26 em 27 de agosto de 2011:

    Cara Juliana Gomes,

    Obrigado pelos comentários, mas sempre é interessante conhecer pontos de vistas diferentes.

    Paulo Yokota

  7. Paulo Ramos
    7  escreveu às 21:11 em 27 de agosto de 2011:

    Prof. Paulo:

    Perdoe-me por fugir do tema, mas como está, atualmente, a indústria naval japonesa? Fiz esta pergunta a um ex-funcionário da Ishikawajima do Brasil, Ishibrás, mas este não soube me responder, eis que já aposentado faz anos.

    Abraços.

  8. Paulo Yokota
    8  escreveu às 02:41 em 28 de agosto de 2011:

    Caro Paulo Ramos,

    Infelizmente, a indústria de construção naval do Japão encontra-se sem condições de competição. Inicialmente, a Coreia com instalações em Cingapura ficou mais eficiente e mais recentemente a China, contando com produtos siderurgicos e mão de obra mais barata, está mais competitiva.

    Paulo Yokota


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