Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Oportunidade Para a Redução dos Juros no Brasil

15 de agosto de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, webtown | Tags: , , ,

Cláudia Safatle, do jornal Valor Econômico, na sua última coluna semanal, repassa a oportunidade perdida em 2008 para a redução dos juros reais no Brasil, que continuam os mais altos do mundo, e aponta que a atual crise por que passa a economia mundial é uma nova oportunidade para a correção desta distorção. Ela aponta, com sua usual competência, que o atual presidente do Banco Central do Brasil, Alexandre Tombini, somente diretor em 2008, mas membro do Copom, posicionou-se isoladamente a favor da redução dos juros, no que foi vencido pelo presidente de então e demais diretores que atuavam coordenados com os interesses do setor financeiro.

Com a necessidade de fortes ajustamentos nos Estados Unidos e na Europa, com repercussões em todo o mundo, verifica-se que os preços das principais commodities já acusam tendências de redução. Os efeitos inflacionários vindos do exterior não justificam mais juros tão altos, que ainda adicionam o influxo de recursos financeiros do exterior para o Brasil. Ainda que estes sejam necessários, acabam provocando uma exagerada valorização do real, dificultando as exportações e facilitando as importações, pois são em volumes mais elevados do que o do comércio.

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O presidente do Banco Central Alexandre Tombini a articulista e Claudia Safatle

Todos os países estão procurando adotar políticas econômicas que neutralizem uma parte dos efeitos recessivos da economia mundial, procurando utilizar as potencialidades dos mercados internos, entre eles a China e o Brasil. Haverá, certamente, uma redução do crescimento que vinha se observando nas economias emergentes, mas elas estão hoje mais aparelhadas para enfrentar a crise, com maiores reservas externas e mercados internos em expansão. No entanto, necessitam de contar com as exportações que estarão numa competição mais acirrada, pois os países chamados desenvolvidos também precisam dos mercados externos para se sustentar, quando seus mercados internos necessitam ser contidos, até porque o endividamento atingiu níveis insuportáveis.

Alguns analistas entendiam que o Brasil precisava manter as taxas de juros elevadas, pois havia pressões inflacionárias, tanto com a expansão do mercado interno como das principais commodities que, beneficiadas por um mundo em plena ascensão, acabavam elevando seus preços. Hoje, o mercado internacional está frouxo, e o governo brasileiro já adiantou o plano Brasil Maior para evitar a exagerada contaminação do exterior sobre a economia brasileira.

O Banco Central do Brasil de hoje é diferente do de 2008, e seus diretores são de carreira, com maior independência em relação aos interesses do setor financeiro. Considerando que a inflação tende a uma redução em médio prazo, e havendo necessidade de estimular a economia no sentido anticíclico, é de se esperar que haja um início do processo de redução dos juros reais.

Muitos analistas, principalmente ligados ao setor financeiro, continuam insistindo que a política fiscal não está conseguindo a desejada redução do custeio do governo, para manter os investimentos necessários, e que tudo tem que estar sendo sustentado por juros elevados. Pode haver algumas postergações dos investimentos, até porque os gestores de diversos projetos não conseguem o ritmo desejável, mas fica evidente que o governo necessita usar uma política anticíclica, sem o agravamento das pressões inflacionárias, que decorrem de algumas indexações que foram deixadas por autoridades passadas, que acabarão necessitando de algumas correções.



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