Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Tigela de Madeira, de Claudia Hirashima Dias

18 de setembro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , ,

Um artigo interessante foi publicado no site WebTown, muito utilizado pelos brasileiros residentes no Japão, de autoria da brasileira descendente de japoneses nascida Claudia Hirashima, que pode ser acessado pela internet. Segundo as informações que divulgou junto com o artigo hoje, depois de casada, ela passou a se chamar Dias e mora no Japão, com parte de sua família no Brasil. Ela utiliza uma antiga fábula, que tem algumas variações, onde uma idosa japonesa com suas limitações decorrente da idade mora com o filho, a nora e sua neta. Acaba sendo discriminada dentro da família nas suas refeições, pois provoca alguns inconvenientes com as dificuldades da idade e precisa usar uma tigela de madeira. A nora vê sua filha manuseando algumas madeiras e perguntada sobre o que estaria fazendo informa que está preparando os utensílios que a mãe deverá usar quando envelhecer.

Com base nesta lição mora,l ela faz uma série de considerações sobre a sua família e saudades que sente de sua infância na companhia de seus avós e pais, denotando uma saudade do Brasil e do passado já distante que se difere da fábula. Bem como a sua atual situação de avó, em que procura levar uma vida atualizada.

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Ilustração publicada no blog Rosa de Hirashima

Na antiga educação japonesa, utilizavam-se muitas histórias deste tipo com lições morais, e os imigrantes e seus descentes absorveram muitos delas, tendo um comportamento familiar mais tradicional que os próprios japoneses, como costumam ocorrer em todas as imigrações.

Também é usual que as pessoas, na medida em que vai avançando na idade, se lembre dos momentos felizes que passaram com seus pais e avós, como ela recorda muito bem. E na medida em que esteja hoje no Japão, num país estranho, esta saudade é mais aguda.

Lamentavelmente, o mundo vem mudando rapidamente, e a convivência familiar está se tornando menos frequente, inclusive no Japão e na Ásia que receberam lições que tiveram algumas influências como do confucionismo. Os próprios imigrantes, de qualquer origem, tendem a se recordar dos fatos positivos dos seus países de onde vieram, esquecendo as dificuldades a que lá estavam sujeitos. E as transformações que ocorrem nos países de onde vieram, principalmente aqueles que passaram por guerras e ocupações estrangeiras.

Mesmo os que vivem aqui no Brasil, nas grandes metrópoles e são originários das cidades menores do interior ou de comunidades rurais, acabam ficando com limitações na convivência familiar no mundo atual.

Lamentavelmente, muitos idosos em todo o mundo estão vivendo isolados e pelas razões mais variadas não possuem os vínculos afetivos que gostariam de ter. Também é necessário aprender a viver com qualidade de vida com as limitações do mundo contemporâneo, que não se relacionam somente com a família. É necessário aprender a viver com alegria, mesmo em circunstâncias adversas.

No passado, a tradição, como as chinesas, determinava uma convivência mais intensa de clãs que não distinguiam filhos e primos, pais e tios, mantendo um relacionamento familiar mais intenso. Isto se atenuou com a dispersão de muitos dos seus membros por muitos países, ainda que formalmente muitos mantenham seus relacionamentos. Mas a crescente integração com as novas culturas dos locais onde vivem acabam provocando mudanças de comportamento.

Ainda assim, seria desejável que o respeito aos idosos fossem mais profundos, pois todos prestaram serviços para a coletividade nas quais viveram e necessitam contar com amparos, no mínimo psicológico. Na medida em que isto nem sempre corresponde à realidade, parece indispensável cogitar-se de mecanismos como o que estão sendo implementados em algumas comunidades, com o uso de sistemas inteligentes de suporte social.



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