Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

O Fator China no Mercado de Objetos de Arte

13 de outubro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , ,

Um interessante artigo foi publicado por Kelly Crow no The Wall Street Journal considerando a influência da China no mercado de objetos de arte, tanto do Ocidente como do próprio País do Meio. Segundo estimativas feitas por especialistas da famosa casa de leilões Sotheby’s, os chineses estão gastando cerca de US$ 4 bilhões anuais em pinturas chinesas em todo o mundo, cifra que é superior ao que a Sotheby’s e a Christie’s, as duas mais conhecidas casas de leilões, venderam no ano passado de obras combinadas de impressionistas, modernas e contemporâneas.

Com o desenvolvimento econômico da China, os chineses se tornaram os mais importantes colecionadores do mundo atual, e eles estão prestigiando as obras produzidas na China, antiguidades como contemporâneas. O mercado mundial está se ajustando às preferências destes colecionadores, e objetos de arte da era Qing, como um vaso que está custando o mesmo preço que uma pintura de Van Gogh. Em breve, uma pintura com tinta chinesa ink vai acabar custando mais que um Picasso, segundo especialistas.

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Vaso da Era Ming atinge valor recorde de US$ 22 milhões / Vaso de vinho da dinastia Shang foi vendido por US$ 3,330 mil. Foto: Imagens de Christie

O artigo informa que os chineses mais idosos preferem as obras tradicionais da China, enquanto os mais jovens estão adquirindo obras contemporâneas, tanto nos leilões que estão sendo promovido pelas tradicionais casas em Nova Iorque, Londres como Hong Kong. As obras coreanas e japonesas estão em baixa.

Uma contribuição de Jason Chow adiciona informações sobre antiguidades chinesas, distinguindo o que chamam de Finas Impressões (Fine Print), que podem ser adquiridos alternativamente por preços mais convenientes. O mesmo acontece com as porcelanas, caligrafias e pinturas, além dos objetos de jade, móveis bem como obras contemporâneas.

Além do surgimento de novos milionários chineses que são colecionadores, é possível que estas cotações estejam sendo alcançadas pelos receios que os chineses costumam ter com relação à perda de valor de ativos financeiros, principalmente os nominados em dólar norte-americano. Com a milenar experiência, os chineses sempre procuraram manter uma parte do seu patrimônio em metais e pedras preciosas, como jóoas, e outros objetos de arte que não podem ser reproduzidos, como as antiguidades devidamente reconhecidas.

É preciso considerar que as autoridades de muitos países, inclusive as chinesas, estão contestando estas antiguidades como patrimônios do país que foram enviados para o exterior de forma ilegal, solicitando a devolução legal de alguns deles. Há legislações mais recentes que tentam fazer o controle de suas exportações, mas que sempre são difíceis de serem fiscalizadas.

Há que se considerar, também, como já ocorreu em países como o Japão, em que milionários e autoridades procurem formar museus com suas ajudas em determinadas cidades, inflacionando este mercado. Muitos trabalhos consagrados no Ocidente também acabam sendo procurados para enriquecer o acervo destas instituições, correndo-se o risco de algumas falsificações muito bem elaboradas que já foram motivos de escândalos.

É preciso lembrar, também, que no Oriente muitos objetos de arte como pinturas e caligrafias feitas por religiosos são apreciados, normalmente em rolos (rolls) que são pendurados nas paredes, e se encontram em muitos museus e residências de milionários ou instalações de empresas. Algo parecido acontece, também, com os objetos que foram encontrados em escavações arqueológicas.



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