Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Observações Pessoais Sobre a Atual Economia Japonesa

29 de outubro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: , , , ,

Todas as observações pessoais são perigosas, pois, mesmo procurando o máximo de objetividade, existem vieses decorrentes dos valores que possuímos, além de abarcar somente alguns casos, não representando uma amostra estruturada que permita captar as tendências globais. Mas algumas observações são baseadas em informações divulgadas por entidades confiáveis, como o jornal econômico Nikkei, mesmo com suas limitações, e restrições que foram encontradas no atendimento de algumas demandas específicas.

Os analistas mais experientes relatam que os programas de reconstruçãocomo os que se encontram em andamento na atual economia japonesa costumam ativar o nível de atividade, atingindo de forma diferenciada os diversos setores desta economia. Mesmo que apresente o problema da necessidade de endividamentos públicos adicionais, que no caso da economia japonesa é de muitas vezes o PIB do país, e tenha custos dos mais baixos observados em todo o mundo. As estimativas mais recentes indicam que a economia japonesa deve apresentar um ligeiro crescimento no ano, mesmo com os desastres e a crise da economia mundial. A indústria pesada, automobilística e de produtos eletrônicos podem apresentar problemas, como estão mostrando algumas rentabilidades das empresas que operam na bolsa de Tóquio.

yurakucho seibu building

Fachadas do Hankyu Men’se e do Lumine Yurakucho Tokyo

Apesar de saber que ainda os consumidores japoneses continuam retraídos com a crise pelo qual passam, nota-se que as restrições da iluminação pública já não existem mais, e os objetos de luxo estão apresentando demanda mais elevada que a média, como já noticiado neste site, principalmente no Nordeste do país que foi atingido pelos terremotos, tsunami e radiações.

A nova face de Ginza/Yurakucho mostra que iniciativas recentes estão estimulando as compras normais, como também postadas neste site, provocadas pelas inaugurações das luxuosas lojas Hankyu Men´s e Lumine para a clientela feminina (teve que antecipar o horário de sua inauguração para evitar tumultos, pois mais de 5.000 clientes esperavam na porta do estabelecimento), provocando uma forte remodelação do centro de Tóquio.

Decidi visitar o famoso Nikko acompanhado de minha esposa, um centro turístico a cerca de 150 quilômetros de Tóquio, no sábado, muito atrativo no outono japonês, e como bom brasileiro tomei a decisão em cima da hora, com dois dias de antecedência. Os pacotes turísticos estavam todos esgotados pelos turistas japoneses e estrangeiros e tive dificuldades para conseguir passagens do trem que se destina àquele centro. Lá chegando, só pude conseguir um táxi para visitar a região, pois os veículos turísticos e os guias não estavam mais disponíveis.

O motorista que servia também de guia informou que as estradas para os famosos templos da região estavam totalmente congestionadas, e tivemos que optar pelas observações da natureza. O frio pouco rigoroso deste ano não deixou as árvores com o forte colorido de outono, pois as folhas ganham coloração mais forte com as variações bruscas das temperaturas, mas as florestas estavam suficientemente lindas, ainda que muitas folhas tivessem caído sem atingir o forte avermelhado normal.

Também optamos por apreciar a culinária local famosa pelo yuba, uma espécie de nata formada pelo leite de soja, quando se prepara o tofu. O motorista, conhecedor da região e da cidade, levou-me a um famoso restaurante como poucos no mundo, que me impressionou pela qualidade e apesar de ter chegado às 14 horas, um horário tardio para os padrões japoneses, pequenos grupos que tinham efetuado as reservas ainda não tinham chegado, por causa do intenso trânsito da região. A culinária superava a dos melhores ryoteis (restaurantes de luxo, com tatami) de Tóquio e os preços eram razoáveis.

As compras para os chamados omiagues, lembranças locais para os parentes e amigos, estavam com filas nos estabelecimentos mais conhecidos junto à estação de trem. Tivemos que fazer uma manobra, tomando um trem até uma cidade próxima, para tomar outro de volta a Tóquio, pois os normais estavam todos lotados.

Na curta viagem efetuada, foi possível constatar o que me foi informado por um observador japonês. Está havendo uma dispersão da economia japonesa, em direção à periferia e ao interior. As lojas de conveniência espalharam suas redes por todas as partes e suas vendas de produtos modestos estão razoáveis. Notou-se o forte aumento da circulação de veículos de pequeno porte, econômicos.

Eram estes alguns poucos sinais que a vida econômica japonesa está tendendo a normalizar-se, de forma desigual, ainda que no conjunto a atual performance ainda seja modesta, mas melhor que em muitas economias chamadas desenvolvidas que devem acusar um declínio neste ano.



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