Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Tradings Japonesas na Onda Brasileira

7 de outubro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , ,

O jornal econômico japonês Nikkei publica um artigo sobre a atuação das famosas tradings companies do Japão no Brasil atual, indicando algumas atividades que as estão impulsionando. Refere-se a Mitsui, que vive de sua participação na exportação de minérios da Vale, informando que não vive somente de sua participação acionária. A Vale, por sua vez, indica que seus custos de exploração das minas triplicaram nos últimos dez anos, principalmente com os salários e matérias-primas. Novas oportunidades se abrem na infraestrutura, como no fornecimento de trilhos de melhor qualidade.

A Sojitzu e a Marubeni disputam o fornecimento de matérias-primas da Braskem, como para a produção de borrachas sintéticas, estudando a implantação de uma indústria local para tanto. Outras, como a Itochu, procuram, segundo o artigo, utilizar a disponibilidade de terras e águas no Brasil em joint venture com a Bunge, ampliando suas atividades na produção do etanol, por exemplo. Como empresas de trading, não se importam somente com as exportações, como eventuais importações dos Estados Unidos.

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O artigo aponta que, mesmo com o desaquecimento da economia mundial e os problemas financeiros na Europa, o Brasil continua atrativo com um crescimento razoável, sendo fornecedor de matérias-primas indispensáveis no mundo.

O que é possível adicionar ao que consta da notícia do Nikkei, é que as tradings japonesas também alteraram, ao longo do tempo, os trabalhos que executam no Brasil. No passado, foram mais agressivas na formulação de projetos e programas, fazendo um trabalho preparatório dos mesmos que eram submetidos às autoridades ou empresas locais. No momento, com a redução relativa de sua importância, muitas empresas japonesas não utilizam mais os seus serviços, o que acontece também com os bancos, que deixaram de ser as vanguardas para a conquista de novos negócios.

As facilidades de comunicações e transportes estão trazendo muitos executivos das empresas japonesas para contatos diretos no Brasil, mas os seus conhecimentos com as culturas empresariais locais são precárias, o mesmo acontecendo com os relacionamentos com as autoridades. Diante da falta de tradição no uso de consultores locais, as possibilidades de equívocos passam a ser mais elevadas, pois as assistências às mesmas acabam sendo precárias, mesmo que se conte com algumas agências oficiais.

No fundo, parece que as potencialidades das relações econômicas e comerciais bilaterais, dos japoneses com os brasileiros, estão sendo menos aproveitadas do que poderiam, diante das dimensões e qualificações de ambas as economias, do Japão e do Brasil, bem como seus relacionamentos com terceiros países.



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