Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

A Europa e a Ásia no Longo Prazo

13 de dezembro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , ,

Se o futuro próximo é difícil de ser esclarecido, quanto mais o que vai acontecer até 2050. Dois artigos publicados recentemente, um relacionado ao encontro dos primeiros-ministros do Japão e da China, Yoshihiko Noda e Wen Jiabao, respectivamente, e o presidente da Coreia do Sul, Lee Myung-bak, para a formação de uma equipe conjunta para a discussão de um FTA – Acordo de Livre Comércio entre os três países, publicado no Nikkei. E outro divulgado pelo Project Syndicate, de Chandran Nair, do GIFT – Global Institute for Tomorrow, de Hong Kong, levam a pensar sobre o que acontecerá na Ásia comparada com a Europa nas próximas décadas.

Todos acompanham as dificuldades enfrentadas atualmente pela Europa que indicam que as soluções possíveis demandam muito tempo, paciência e uma grande determinação de populações de países em situações diversas, tarefas nada fáceis. E de outro lado, uma tendência de aceleração dos entendimentos entre a China, o Japão e a Coreia do Sul, visando a formação de uma poderosa zona de livre comércio na Ásia, até para enfrentar os problemas que se agravam pelo mundo.

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Chandran Nair / Wen Jiabao, Yoshihiko Noda e Lee Myung-bak

Ainda que nenhuma das tarefas seja fácil, envolvendo interesses internos de cada país até conflitantes, tudo indica que os três maiores países do Extremo Oriente já possuem uma integração comercial expressiva, e procuram evitar erros como os que foram cometidos na Europa. Só pretendem criar uma zona de livre comércio que os beneficiam, notadamente com relação a terceiros que estejam fora deste acordo de gigantes. O fato concreto é que o Japão concentra-se nas tecnologias de ponta, a China apresenta um grande mercado contando com muitos recursos humanos e a Coreia veio demonstrando nas últimas décadas que é dos tigres mais destacados no mundo, conquistando nichos de atuação com muito empenho e trabalho.

A atual crise por que passa o mundo acaba acelerando estes tipos de arranjos, pois todos têm consciência que dependem dos mercados internos, necessitando efetuar grandes transformações nas suas economias, dependendo um dos outros. Os conhecimentos que foram adquiridos recentemente, com os problemas que todos enfrentaram, inclusive nos Estados Unidos e na Europa, são motivadores de concessões que permitem potencializar suas vantagens, sendo bons negociadores diplomáticos que atuam com muito pragmatismo.

Chandran Nair chama a atenção para o deslocamento do eixo mundial para a Ásia, onde em 2050 viverão mais de seis bilhões de habitantes, com um crescimento econômico elevado nos últimos 30 anos, conquistando uma importância social, econômica e política, tendendo fazer do século XXI um período asiático.

Segundo ele, os ocidentais procuram transmitir seus valores para os asiáticos, sendo consumidores de muita energia, bugigangas eletrônicas e dietas ricas em carnes. Mas, segundo este autor, cinco bilhões de asiáticos não suportam o consumo do tipo ocidental, ainda que o desejem.

Segundo este autor, na Ásia, a gestão dos recursos deve estar no centro de suas decisões, pois do contrário os preços desempenharão o seu papel, criando crises sucessivas.

Mesmo sem a necessidade de posições radicais, todos necessitam admitir que aí está uma realidade asiática que não pode ser ignorada. Nada indica que se retrocederá para grupos fechados, mas todos procurarão formas eficazes de uma convivência pragmática no mundo globalizado. As dificuldades acabam determinando mudanças como as que estão ocorrendo nos Estados Unidos e no Japão, e mesmo que as decisões coletivas sejam sempre trabalhosas, as limitações são insuperáveis, exigindo um realismo ainda que resistências se manifestem.

Tudo indica que milagres não existem no campo econômico, e as superações das dificuldades podem ser abreviadas, quanto mais rapidamente a maioria admitir que elas sejam insuperáveis.



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