Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

É a Demanda Que Comanda a Economia

6 de janeiro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , ,

Muitas vezes, as coisas mais simples de economia são difíceis de serem entendidas até pelos comentaristas do setor. Uma notícia publicada hoje no jornal Valor Econômico informa que o Instituto Internacional de Finanças estima que empresas dos Estados Unidos, do Japão, da Grã-Bretanha e da zona do euro dispõem de US$ 7,75 trilhões que vêm sendo mantidos como ativos financeiros. Ao mesmo tempo, uma comentarista especializada em economia informava que o Brasil enfrentava dificuldades com o excesso de demanda, quando isto deveria ser considerado uma qualidade. Por que as empresas do mundo desenvolvido não estão efetuando investimentos, apesar da disponibilidade de recursos? Porque não possui garantia de que haverá demanda para as produções adicionais. É uma questão muito simples, mas difícil de ser entendida pelos que não são economistas qualificados.

Quando existe demanda, os empresários procuram recursos humanos, tecnologia, matérias-primas, financiamentos, capitais de risco para obterem lucros. É a lógica do sistema de mercado, e as produções adicionais vão contribuir para que os preços se mantenham razoáveis depois que os projetos estejam maturados. O problema no mundo é que os consumidores estão retraídos, e somente os investimentos públicos estão ajudando a manter as economias crescendo, ainda que num ritmo mais baixo que no passado recente.

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Muitas autoridades estão estimulando financiamentos para os consumidores, mas várias estão com receio de assumirem compromissos, pois têm medo de seus empregos estarem em risco. Lula da Silva teve uma clara intuição destas dificuldades, e ainda em 2008 estimulou que os operários mantivessem suas demandas, pois, sem as mesmas, seus empregos estariam em risco. Dilma Rousseff manteve a mesma postura, e continua afirmando que a demanda é importante para manter o ritmo de desenvolvimento brasileiro, ainda que num ritmo menos agressivo.

Existem analistas que, com pouca consideração sobre o conjunto das implicações, ficam com receio que os investimentos acabariam pressionando os preços, provocando inflações acima das metas estabelecidas. Normalmente, o grosso dos investimentos nos bens mais consumidos pela população é de rápida maturação. Somente grandes obras demandam tempo para entrar em produção. Havendo produções adicionais para atender as demandas, a tendência é que estas pressões sejam neutralizadas.

Ninguém investe na produção de bens que não contam com demanda, pois acabarão arcando com prejuízos. Os empresários fazem os seus estudos, e somente quando possuem uma consciência que haverá demanda para suas produções adicionais é que correrão seus riscos.

O mundo está retomando parte de suas demandas, e os países emergentes possuem mais potencialidades para aumentar as suas demandas, pois parte de suas populações ainda não contam com produções para atendê-las. Só o aumento de emprego vai conseguir resolver os problemas que o mundo enfrenta, e eles dependem das demandas.

Parece tudo muito simples, mas existem analistas que insistem mais nas preocupações inflacionárias do que com as fomes, moradias, vestuários e todos demais bens necessários para proporcionar a melhoria sustentável do bem-estar das populações.



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