Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Alerta ao Brasil Que Vem da China

25 de janeiro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: , ,

Michael Pettis, professor da Universidade de Peking, é um especialista na economia chinesa atual e vem escrevendo com frequência em importantes jornais internacionais. Ele comenta alguns problemas relacionados com os pesados investimentos feitos pelos chineses na sua infraestrutura, nas habitações e as inadimplências dos que assumiram dívidas para tanto, a ponto dos valores das residências estarem em sensível queda. Muitos países sempre utilizaram o setor de construção para ativar suas economias, tanto na pesada para a construção de projetos de infraestrutura como de habitações, utilizando muitos créditos bancários para tanto. Ocorreram muitas bolhas como decorrência destas políticas e, no ajustamento, os preços dos imóveis caíram, deixando muitos tomadores destes empréstimos em inadimplência.

Muitos analistas internacionais alertam sobre o que está acontecendo na China, relevando que as autoridades daquele país sempre utilizaram estes mecanismos creditícios, sabendo que eram transferências que não seriam honradas como créditos verdadeiros. De qualquer forma, como o Brasil também vem efetuando pesados investimentos em infraestrutura, indispensáveis e até para atender as demandas como da Copa do Mundo e das Olimpíadas, o caso chinês deve servir de alerta. Também porque existem “modas” que provocam superinvestimentos em imóveis ainda que não exista demanda suficiente, provocando algo como uma “bolha”. É sempre útil lembrar que, tanto na recente crise norte-americana como na “bolha” japonesa, os problemas começaram no setor imobiliário, passando a criar riscos sistêmicos no setor bancário.

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Ninguém duvida que a China s transformou nas últimas décadas com pesados investimentos na sua infraestrutura, de estradas, portos, usinas energéticas e transportes de massa que possuem um forte impacto em toda a economia. As Olimpíadas e outros eventos internacionais foram aproveitados para mostrar a “nova” China para o resto do mundo. Os programas habitacionais gigantescos também melhoraram o padrão das residências dos chineses e que tinham dimensões não conhecidas no resto do mundo, ainda que tudo isto provocasse o agravamento dos problemas ambientais.

Que houve desperdícios, inclusive irregularidades, em todas estas obras também não pode ser diferente do que aconteceu no resto do mundo. Que muitos créditos concedidos, como às autoridades locais, não serão honrados também parece estar nos cálculos de muitos analistas. O fenômeno recente da queda brutal dos preços dos imóveis é um tipo de bolha que ocorreu em outros países.

O que parece indispensável é que estas lições sejam aproveitadas por países como o Brasil, que também necessitam atender necessidades semelhantes visando o aumento da eficiência e melhores fiscalizações para evitar desperdícios, inclusive com os que ocorrem com as irregularidades. O país não conta com os recursos que os chineses conseguiram com os investimentos externos e aumento de suas exportações, mantendo o padrão do consumo de grande parte da população em níveis lamentáveis.

As diferenças entre as condições de vida das cidades e dos campos na China continuam sendo sensíveis, que, se de um lado é um problema, gera a potencialidade de aumentar o mercado interno para substituir parte do seu modelo que veio dependendo das exportações.

Nada disto é fácil de ser aprendido, mas os alertas parecem estar colocados, bem como as oportunidades para trabalhos mais eficientes, como os que foram efetuados em outros países como o Japão, onde também acabou ocorrendo uma “bolha” e também as irregularidades existiram.

No fundo, todos são seres humanos, apesar de haver alguns que aspiram por uma sociedade de anjos.



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