Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Além da Produção do Etanol

3 de janeiro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , , , | 4 Comentários »

Ainda que o Brasil se considere o pioneiro no uso do etanol como combustível para mover os veículos, há um registro do inglês Joseph Needham que ele utilizou uma ambulância na China em torno de 1940, quando o petróleo era estratégico. No Brasil, utilizava-se, na época, o chamado “gasogênio”, que queimava carvão ou madeira, para mover os veículos. Somente com o Proálcool, em 2008, como forma de superar as limitações da crise petrolífera, é que se generalizou no Brasil o uso do etanol.

O etanol, ainda que produzido em várias regiões brasileiras, apresenta o inconveniente de sua safra ocorrer somente uma vez por ano, exigindo um elevado custo para a sua estocagem para uso durante o período da entressafra. Estudam-se alternativas, como o do napier, popularmente conhecido como o capim elefante. Tentou-se a produção do etanol a partir da mandioca, mas o seu cultivo em grande escala acabou provocando pragas insuperáveis. Agora, a Folha de S.Paulo de hoje noticia o estudo do sorgo como outra possibilidade.

untitledsorgo

Veículo movido a gasogênio, na década de 1940. Sorgo, que poderia ser uma alternativa para combustível

Muitos produtos fermentados podem produzir o etanol, mas seria necessário um que fosse econômico em grande escala, com a produção na entressafra da cana de açúcar. Alternativas, como o milho que vem sendo utilizado nos Estados Unidos, exigem grandes subsídios, que nem os orçamentos daquele país estão suportando.

Em muitos produtos agrícolas, as terras cultiváveis permitem mais que uma safra por ano. No caso da cana de açúcar, trata-se de um produto semipermanente, permitindo ser explorado por até três safras, mas em anos seguidos.

As pesquisas estão se intensificando em várias instituições para se conseguir uma boa alternativa, com destaque para a Embrapa, mas também envolvendo iniciativas privadas. Em alguns produtos agrícolas, conseguiu-se que suas safras fossem antecipadas ou postergadas, cobrindo um espaço de tempo maior, que exigiria estocagens menos longas e onerosas.

Com as atuais técnicas de pesquisa agrícola, que estão encurtando os tempos indispensáveis para a produção de novas variedades, as possibilidades de alternativas acabam sendo promissoras, pois se permitirem o uso das mesmas usinas conseguir-se-ia uma economia significativa.

Sempre foram estudados usos como o do metanol, utilizando madeiras, mas como são de elevados riscos, o seu uso generalizado acaba criando outras dificuldades.

O fato concreto é que combustíveis sustentáveis, cujos danos no meio ambiente sejam reduzidos, continuarão a ser procurados, com boas chances de se obter resultados econômicos, ainda que os juros brasileiros tendam a se aproximar dos internacionais num prazo médio.


4 Comentários para “Além da Produção do Etanol”

  1. Daniel Girald
    1  escreveu às 13:47 em 6 de outubro de 2016:

    O próprio Ford Modelo T chegou a ser disponível como um “flexfuel” primitivo, podendo rodar com etanol de milho produzido artesanalmente por fazendeiros americanos.

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 15:07 em 10 de outubro de 2016:

    Caro Daniel Girald,

    Obrigado pelo comentário. Existe produção de etanol em escala industrial a partir do milho.

    Paulo Yokota

  3. Daniel Girald
    3  escreveu às 09:37 em 25 de outubro de 2016:

    Apesar de ser um tabu no Brasil por causa do predomínio da cana como matéria-prima sucroenergética, a produção do etanol de milho em escala industrial faz algum sentido. O grão de destilaria seco que é um subproduto desse processo fica com um teor de proteínas mais elevado que o milho ao natural, além da maior digestibilidade quando usado na formulação de rações pecuárias. Ao menos nas entressafras da cana, para reforçar os chamados “estoques reguladores” e também atender à demanda crescente por etanol e derivados na indústria química, eu sou favorável ao uso o milho e do sorgo como matérias-primas.

  4. Paulo Yokota
    4  escreveu às 10:06 em 25 de outubro de 2016:

    Caro Daniel Girald,

    Obrigado pelo seu comentário. Muitas atividades necessitam de produtos alternativos fora da safra principal de sua matéria prima básica.

    Paulo Yokota


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