Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Ano Novo do Dragão, Costumes e Tradições

19 de janeiro de 2012
Por: Naomi Doy | Seção: Depoimentos, webtown | Tags: , , , , ,

O Festival da Primavera, que celebra o Ano Novo, é evento maior na China. Pelo calendário lunisolar chinês, o primeiro dia do primeiro mês marca o Ano Novo que cai entre 21 de janeiro e 20 de fevereiro, a cada ano. Dia 23 de janeiro em 2012, Ano do Dragão.

Criatura medonha que expele fogo pelas ventas, temida no Ocidente, long, o dragão chinês (tatsu ou ryu no Japão), é reverenciado na China como símbolo da fertilidade, beleza e longevidade. É o 5º da lista de doze signos do zodíaco, e sua popularidade atinge o clímax durante o ano que representa. Na China ou no Japão, dragões são considerados amigos benevolentes, protetores dos humanos, guardiões de templos; sendo o mais poderoso dos bichos, imperadores o tomaram como símbolo imperial. Pessoas nascidas no ano do dragão (anos 2000, 1988, 1976, 1964, 1952…) são tidas como cheias de energia, carisma e sabedoria. Mas de pavio curto e bem turrões.

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Decorações de Ano Novo em Xangai

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Dragões estilizados

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Poon choi, baozi mantou e envelopes de mesada hongbao e otoshidama

No período das comemorações do Ano Novo chinês, o país para por duas semanas para os preparativos, viagens e rituais que marcam a passagem do ano. Milhares de pessoas voltam para suas cidades de origem para visitar parentes e amigos, levando presentes e tradicionais envelopinhos com dinheiro. É quando chineses se tornam ávidos consumidores, impensável visitar parentes sem levar presentes. Artigos preferidos são bebidas, finos bombons, presuntos, muita comida, roupas. Golden week para os chineses, o Festival da Primavera é também época dourada dos negócios. O boom das compras dura quase um mês, o povo despende até 17% do seu gasto anual, nesta época.

Além das viagens, do descanso e dos votos para um próspero ano, comer é outro grande prazer das festividades. Os dias que antecedem o Ano Novo são de muita azáfama: a casa deve ser limpa, organizada, repintada se for preciso, enfeitada com cores vermelho-douradas. A tradição dita que se deve resguardar durante os 15 dias do primeiro mês do calendário lunar, descansar depois de um ano de muito trabalho. Assim, é preciso preparar comida de antemão para durar todo o feriado. Fazem-se tofu (queijo de soja) que permitem mil e uma preparações à mesa, cozinham-se deliciosos pãezinhos ao vapor (mantou, sem recheio, e baozi, com recheios salgados).

A comida que simboliza por excelência a união e confraternização das famílias no jantar de véspera do Ano Novo chinês é o poon choi, substancioso cozido servido em enorme recipiente redondo de ferro que fica aquecido sobre fogo brando. É composto por diversas camadas de mil ingredientes: carnes de porco, vaca, carneiro, frango, pato, abalone e outros tipos de moluscos, entranhas de peixe, barbatanas de tubarão, caranguejos, lulas, camarões secos, cogumelos, tofu, mais vegetais (nabo, broto de bambu, repolho, brócolis etc.). Os comensais vão saboreando camada por camada com seu próprio hashi, não é de bom tom mergulhar o hashi para pescar ingrediente preferido mais no fundo. Carnes e vegetais cozinhando lentamente no caldo e molho apurado fazem pairar no ar irresistível sinergia de aromas, sabores e cores. Capaz de alimentar dezenas de pessoas, é prato de grandes banquetes. De origem cantonesa (região sul, Guangzhou e Hong Kong), poon choi é servido no resto do país, em versão tanto cantonês como huaiyang, região centro-norte. (Food fest, China Daily, 16/janeiro/2012).

Após fartura de comidas e bebidas, crianças estalam bombinhas para afugentar maus espíritos e ganham, dos adultos, graciosos envelopes vermelhos com dinheiro, os hongbao – no Japão são os otoshidama. Antigamente, simbolizavam laços de afeto e carinho, mas a quantia foi aumentando e vem se tornando fardo um tanto pesado para tios assalariados ou avós aposentados, cuja renda não permite distribuição generosa de hongbao. Dependendo do meio social e número de parentes mais velhos, crianças hoje em dia capitalizam milhares de yuans. Pais precisam até recolher os hongbao para ajudá-las a administrar tanta mesada. (Seeing red, China Daily, 13/janeiro/2012).

Tempos modernos de crise e inflação de valores materiais e espirituais: subtraem-se às crianças noções de tradição e laços familiares de bênção e recompensa pelo bom comportamento, embutidos nos pequenos envelopes – que em passado não tão remoto provocavam expectativas de solene e contido alvoroço. Hongbao, otoshidama, ou Papai Noel viraram manjados coadjuvantes de apelo comercial.

A todos, xin nian kuai le (feliz Ano Novo), kung hei fat choi (congratulações e prosperidade).



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