Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Difíceis Mudanças Necessárias na Economia Japonesa

25 de janeiro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: ,

Dois artigos publicados na imprensa internacional descrevem o drama que está sendo enfrentado pela economia japonesa com a atual cotação do seu câmbio. No The Wall Street Journal, os jornalistas Phred Dvorak e Takashi Nakamichi publicaram o artigo que trata do fim da era da exportação japonesa. A agência Reuters distribuiu um artigo de Stanley White tratando que o Japão exportador enfrenta o primeiro déficit comercial nas três últimas décadas. Não parece existir uma expectativa de qualquer acordo do tipo de Plaza que realinhou, diante do entendimento de países relevantes no mundo do ponto de vista econômico, as principais moedas internacionais. E muitos câmbios continuarão valorizados, como o iene japonês e o real brasileiro em contrapartida à desvalorização do dólar norte-americano, agravada pela crise europeia que afeta o euro.

Muitos fatores influem neste comportamento, inclusive a elevação da idade média da população japonesa. O modelo exportador que foi utilizado pelo Japão e depois pelos muitos denominados “Tigres Asiáticos” não tem mais condições de ser mantido. Até a China passa a aumentar o seu mercado interno, pois seu desenvolvimento sustentado nas suas exportações não tem condições de se manter permanentemente.

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É evidente que os desastres naturais enfrentados pelo Japão agravaram estes problemas, mas já existe uma longa tendência em que os custos dos produtos simples fabricados naquele país não são mais competitivos com o câmbio atual. Mesmo as indústrias de equipamentos mais sofisticados dos japoneses estão sendo obrigados a transferirem suas unidades produtoras para outros países apesar do brutal investimento que efetuam na melhoria de suas tecnologias.

Lamentavelmente, o emprego local tende a diminuir ao mesmo tempo em que aumenta no exterior. O Japão terá que se transformar radicalmente, como já ocorreu em alguns países escandinavos, mantendo o padrão de vida de sua população, com unidades fabris localizadas no exterior. Suas dimensões populacionais são muito diferentes. Este processo não é fácil de ser executado, mas quando mais todos estiverem conscientes desta necessidade, as fricções serão menores.

O drama é que isto tenderá a continuar com países que utilizaram o mesmo modelo, como a Coreia e Taiwan e até a China que promoveu o seu rápido desenvolvimento nas últimas décadas, utilizando a exportação como sua alavanca básica. Sempre haverá necessidade de importações, e as divisas indispensáveis deverão ser geradas pelas exportações ou pelo fluxo de dividendos obtidos no exterior.

Os países emergentes como o Brasil ainda tendem a elevar a sua competitividade com a abundância dos recursos naturais, e seu câmbio tenderá a se manter valorizado. Eles terão que pensar no equilíbrio da dependência dos mercados externos e interno, mesmo contando temporariamente com os influxos de recursos do resto do mundo, tanto de curto prazo como os destinados aos investimentos diretos nas produções de bens.

Esperar que entendimentos internacionais facilitem estes processos de ajustamento não parece muito realístico, diante das dificuldades políticas porque passam os países mais influentes. Portanto, parece que a alternativa é enfrentar estes problemas de frente, diante de um quadro inexorável.



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