Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Preocupante Incapacidade de Pensar no Conjunto

29 de janeiro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: , ,

Alguns problemas cruciais que se desencadearam recentemente no Brasil vêm demonstrando de forma dramática a redução da nossa capacidade de pensar em resolver alguns problemas agudos que enfrentamos, com uma visão ampla e de conjunto. Os casos amplamente divulgados em toda a imprensa, como dos desastres naturais com os excessos de chuvas no Rio de Janeiro, em Minas Gerais ou no Sul do país, da cracolândia em São Paulo, como do Pinheirinho em São José dos Campos, bem como os desabamentos de edifícios que ocorreram no centro do Rio de Janeiro são indícios inquietantes destas dificuldades. Os problemas, como os apontados, não decorrem de uma falha isolada, mas de um conjunto de fatores atuando juntos, que exige um tratamento sistêmico que não estamos capacitados a proporcionar, na minha modesta opinião.

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Alagamentos em Minas Gerais, desabamento de prédios no Rio de Janeiro e ação da Polícia Militar em Pinheiro, em São José dos Campos

Esta incapacidade de lidar com a gestão dos problemas de forma sistêmica não se restringe somente ao Brasil. Tudo indica que o sistema de formação atualmente utilizado no mundo gera este tipo de dificuldade, com o exagero na especialização. Todos passaram a ser especialistas em seus setores, e muitos se destacam nestas capacidades, mas parece que a gestão do conjunto passou a contar com limitações.

No passado, a formação de muitos líderes e de todos os que possuíam formação superior tendiam a depender de um conjunto mais amplo de conhecimentos, o que se chamada de formação humanística, que tinha como centro gerador a Europa, no Ocidente. Depois da Segunda Guerra Mundial, com o aumento da influência dos Estados Unidos, ajudado pela incorporação de preparados recursos humanos europeus nas suas principais universidades, parece que acabou por determinar sistemas universitários com excessiva departamentalização do conhecimento humano.

Não parece ter sido suficiente a formação de recursos humanos com a capacidade de raciocínio sistêmico, que leve em consideração a ação coordenada de diversos especialistas, que necessitam trabalhar em conjunto. Não se pode resolver estes problemas atuais, na minha opinião, somente com um enfoque isolado.

Além de estar se tratando de seres humanos com todas as suas complexidades individuais, quando se trata de uma coletividade, os comportamentos conjuntos necessitam ser considerados. Os problemas específicos tendem a se interagirem com os demais, provocando reações coletivas que merecem prioridade no tratamento sobre os interesses individuais, que, vez por outra, acabam merecendo uma prioridade mais baixa, por mais dramática que seja.

Há necessidade de um comando unificado, que leve em consideração os pontos de vistas de diversos especialistas, tendo a capacidade da consideração do conjunto dos interesses envolvidos, tendo legitimidade para tanto, que possa ser aceita pela maioria dos envolvidos.

Não costuma existir um modelo único para o tratamento destes problemas, que acabam se diferenciando em cada caso, gerando um processo em que haja possibilidade de uma ação dinâmica que vai se alterando de acordo com as novas situações que se apresentam. Nenhuma solução será fácil, e nem sempre se conseguirá a unanimidade, mas terá que se implementar, com a eficiência possível, a que atende o máximo dos interesses das coletividades afetadas.



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