Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Folha de S.Paulo Sobre a Distribuição de Renda no Brasil

20 de fevereiro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , ,

Todos sabem que os editoriais dos jornais refletem a sua opinião e o seu posicionamento ideológico, mas no caso do publicado hoje pela Folha de S.Paulo contém fatos objetivos que ficam subjacentes e não se trata meramente de sua posição. O editorial mostra que, confirmando outros artigos postados neste site, o jornal mesmo sendo crítico aos governos do PT, reconhece a expressiva melhoria da classe chamada C no Brasil, cuja renda mensal domiciliar se situa entre R$ 1.000 a R$ 4.500, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios de 2009.

Só que atribui a causa fundamental desta melhoria à estabilidade monetária que teria sido conquistado pelo governo Fernando Henrique Cardoso, atribuindo menor importância à Bolsa Familia do governo Lula da Silva, que também admite ser relevante ao lado de outros programas de distribuição de renda no Brasil.

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Gráfico publicado no editorial da Folha de S.Paulo

Ora, se o jornal está se referindo ao Plano Real, seria preciso reconhecer que ele foi decidido durante o governo Itamar Franco, quando Fernando Henrique Cardoso era o seu ministro da Fazenda. E todos podem notar que as melhorias de distribuição de renda ocorrem de forma mais acentuadas durante o governo Lula da Silva e no período do Plano Real.

Não interessa disputar quem teria contribuído mais para a melhoria da distribuição de renda no Brasil, pois as causas também podem estar na Constituição de 1988 que estabeleceu um sonho de atendimento universal de educação e saúde para todos os brasileiros. O fato concreto é que estas melhorias, ainda que não estejam completas, assombram os analistas de todo o mundo e qualificam o Brasil como um dos países com melhor potencial de crescimento futuro entre os países emergentes que estão no grupo dos BRIC.

Outro notável indicador do Brasil é o avanço que vem ocorrendo no campo político, como postado no artigo deste site. “Lições dos Crescimentos dos BRIC”. Até no período autoritário e militar do Brasil continuou-se mantendo as eleições, ainda que indiretas, e mesmo os presidentes foram sendo substituídos de tempos em tempos. Com o restabelecimento pleno do regime democrático, com todas as precariedades, as eleições viraram uma tradição neste país, com o revezamento dos eleitos presidentes e em outros cargos eletivos, sem nenhum trauma ou problema.

Poucos países podem apresentar uma história tão expressiva de estabilidade política, que ainda necessita ser aperfeiçoada, pois não é possível governar um país com esta absurda multiplicidade de partidos sem nenhuma expressão ideológica, e total falta de disciplina partidária. No fundo, em nenhum país existe uma diversidade política que tenha necessidade da quantidade de partidos existentes no Brasil.

Seria interessante que todos procurem conhecer a íntegra deste editorial, que tomamos a liberdade de transcrever algumas de suas partes mais relevantes: “A redução da desigualdade não é, portanto, fruto exclusivo de uma política pública isolada, como o Bolsa Família. É resultado do maior crescimento econômico da última década, mas também de políticas nas áreas de proteção social e educação que vêm de antes.

Melhorar o acesso ao mercado de trabalho por meio da educação é o instrumento mais poderoso de combate à pobreza, muito superior ao mero assistencialismo. Qualificar a mão de obra, popularizar o microcrédito e melhorar a produtividade do setor de serviços, o que mais emprega, com impostos simplificados e leis trabalhistas que incentivem a formalização de pequenas empresas – eis a chave para solidificar os avanços sociais dos últimos anos”.



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