Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Dificuldades dos Asiáticos Atuarem no Ocidente

7 de março de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: , ,

O The Wall Street Journal, com uma equipe de jornalistas, publicou uma matéria sobre os espaços que os chineses estão conseguindo no setor petrolífero norte-americano e em outros países, onde encontravam resistências. Todos estimam que a China ocupe a posição de maior importador de energia no mundo com o seu desenvolvimento, ainda que tenham algumas reservas, inclusive de xisto, que exigem tecnologias mais eficientes para a sua exploração. Segundo o artigo, Fu Changyu, que lidera o processo de aumento chinês no espaço norte-americano, fracassou na sua primeira tentativa, mas mudou de estratégia.

Os chineses estão adquirindo fatias minoritárias nas empresas dos Estados Unidos e mantêm um papel passivo e uma distância dos funcionários da China das tecnologias americanas de ponta, conseguindo sucesso, a ponto de investirem US$ 17 bilhões em 2010.

Kazuuuu

É evidente que o mercado mundial e dos Estados Unidos vem se alterando com a crise atual, mas sempre as empresas petrolíferas foram e continuarão poderosas. Como os recursos locais estão mais escassos, dependem dos provenientes do exterior, e os chineses continuam agressivos em todo o mundo, para assegurarem o seu abastecimento e incorporarem tecnologias que necessitam para suas explorações internas.

Além do petróleo, o xisto ganhou uma grande potencialidade, diante da localização de amplas reservas em diversas partes do mundo, notadamente nos Estados Unidos e na China. Mas suas explorações exigem grandes volumes de investimentos, além de novas tecnologias mais eficientes que estão sendo desenvolvidas.

O que impressiona é o pragmatismo chinês que permitiu mudanças de estratégia de forma tão eficiente, o que não se consegue, por exemplo, pelos japoneses. Ainda que estes sempre tenham se preocupados em não serem confundidos com antigos colonialistas, respeitando as empresas locais, nem sempre foram felizes nas operações onde contam com a minoria do controle.

A capacidade de se adaptarem às condicionalidades que existem em outros países sempre foi relevante. É possível que a longa cultura comercial dos chineses, que vem desde a Rota da Seda pela qual se relacionavam com o Oriente Médio e a Europa, tenha contribuído para tanto. O Japão sofre do que eles mesmos denominam “cultura de Galápagos”, restrito ao que desenvolveram num arquipélago.

Os ingleses conseguiram ter, no passado, colônias espalhadas pelo mundo, absorvendo parte da cultura em regiões longínquas como a Índia e a China, mantendo contatos por séculos, o que os obrigou a terem conhecimentos antropológicos, sociológicos e políticos de outros povos. Parece serem as carências dos japoneses, chineses e outros povos asiáticos, que estão sendo mais bem superadas pelos chineses.

Ainda que o petróleo seja a commodity mais relevante no comércio internacional, problemas da mesma natureza ocorrem também com as agrícolas e outros produtos padronizados que são transacionados em todo o mundo. Os japoneses, por exemplo, sempre foram consumidores de cereais importados em grande volume, voltam-se à produção em alguns países, e procuram se envolverem na comercialização, mas não conseguem competir com as “majors” que operam tradicionalmente em todo o mundo.

São, portanto, aspectos que precisam ser considerados com profundidade inclusive pelos sul americanos, sendo relevantes para o futuro de um mundo cada vez mais globalizado.



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