Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Dois Artigos do Project Syndicate Sobre Energia Nuclear

9 de março de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags:

Yukiya Amano, diretor geral da Agência Internacional de Energia Atômica, e Martin Freer, que é professor de Física Nuclear da Universidade de Birmingham entre outras ocupações, escreveram artigos divulgados pelo Project Syndicate, organismo que divulga trabalhos de grande relevância. O primeiro afirma que este tipo de energia tornou-se mais segura depois dos acidentes de Fukushima Daiichi e se tornará mais confiável nos próximos anos. Ele admite que os problemas que ocorreram foram devidos ao terremoto e o tsunami, mas também falhas humanas contribuíram para o desastre.

As regulamentações japonesas não eram suficientemente independentes e a supervisão sobre a operadora era fraca, segundo ele. A energia alternativa para a usina não estava devidamente protegida, e a resposta para o acidente não estava treinada adequadamente. Isto não ocorre só lá e serviu de alerta para os outros. Uma revisão está sendo efetuada em todo o mundo, para os novos padrões exigidos. A usina resistiu ao terremoto, mas não estava projetada para o tsunami. O uso da energia nuclear vai continuar crescendo nos próximos 20 anos, segundo o autor. A Agência Internacional prevê pelo menos 90 usinas adicionais aos 437 existentes, até 2030.

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Yukiya Amano como especialista e autoridade assegura que a energia nuclear é mais segura do que percebido pela população. Depois de Fukushima Daiichi muitos países abandonaram o uso da energia nuclear, mas a China, a Índia e a Rússia continuam com planos ambiciosos de expansão, com seus resíduos armazenados de forma segura. Eles precisam investir muito em recursos humanos, segundo este autor.

Para manter a confiança do público, as autoridades precisam ser transparentes sobre as precauções tomadas e honestas quando ocorrem falhas. Como o problema ocorreu num dos países desenvolvidos, as cautelas futuras precisam ser mais cuidadosas.

Martin Freer constata que o que ocorreu em Fukushima Daiichi foi devido ao tsunami, que foi a maior crise depois da Segunda Guerra Mundial, e as consequências devem se estender por anos. O primeiro problema seria a segurança e a segunda a radiação. Ele faz um paralelo com o transporte aéreo, informando que as usinas são construídas com alucinantes padrões de segurança, e os desastres são bem menores.

Ele lembra que Fukushima foi construído na década dos setenta do século passado, e deve-se levar em conta que foi projetado pelos norte-americanos, sem considerar um tsunami como o que ocorreu. Os atuais são completamente diferentes, com padrões muitas vezes mais elevados. Ele chama a atenção para as radiações existentes nos produtos mais inocentes, como a banana, sendo que o corpo humano se adapta a elas. Segundo esse autor, a radiação a que se está sujeito no Brasil ou na Índia é 20 a 200 vezes superior ao do Reino Unido.

Ele não descarta as preocupações existentes, mas entende que há que se atingir um consenso, refletindo objetivamente. Com o alarme ocorrido há que se atingir uma orientação que não consolide preconceitos de longo prazo.



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