Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Mudanças nos Programas das TVs Brasileiras

12 de março de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , ,

Nota-se um interessante processo de aumento da concorrência nos meios de comunicações no Brasil e no exterior. O The New York Times informou que registrou um aumento de tiragem nos seus jornais impressos na medida em que passou a utilizar a internet para o fornecimento de suas edições completas para os seus assinantes. A Folha de S.Paulo, que já tinha com uma forte participação no site da UOL, passou a contar com um novo programa domingueiro na TV Cultura de São Paulo, no horário nobre das 20 horas. A rádio Jovem Pan também possui uma versão eletrônica que permite a veiculação de imagens para o mundo todo pela internet.

Entre os itens mais interessantes, o programa da Folha de S.Paulo na TV Cultura apresentou uma jornalista brasileira que contou com um painel de correspondentes estrangeiros em São Paulo, da agência de notícias norte-americana Reuters, do jornal argentino Clarin, do jornal francês Libération e da revista norte-americana Time. A discussão entre estes jornalistas completava um rápido noticiário sobre os assuntos de destaque da semana, como o problema do terremoto e tsunami no Japão.

logo-fsp1-300x128logotvcultura

Entre os dois principais assuntos colocados em pauta estava a Copa do Mundo e a polêmica provocada pela FIFA diante do atraso das providências brasileiras com relação ao evento. No segundo, referia-se ao baixo crescimento registrado na economia brasileira, comparada com o resto do mundo, e o problema da exagerada valorização do câmbio no Brasil.

A dinâmica da discussão foi adequada, com uma coordenação eficiente da jornalista da Folha de S.Paulo, e apesar de transmitido pela TV Cultura, tudo indica que o programa de uma hora, com 30 minutos dedicados a este painel, só era da responsabilidade do jornal. Os participantes, correspondentes estrangeiros, eram todos qualificados, mostrando que tinham experiência e se apresentaram com um português adequado para a televisão, abordando os assuntos com prismas de estrangeiros, com total independência.

Isto permite que se constate que a mídia internacional passou a ter uma abordagem de curto e médio prazo, infelizmente, pois em nenhum momento se tratou das questões de prazo mais longo. Ficou-se na abordagem pouco elegante de um dos dirigentes da FIFA, mesmo considerando as dificuldades de tradução e do significado de algumas colocações dependo da cultura de cada país. Por exemplo, não se criticou este organismo internacional privado pelos seus compromissos de muitas Copas com os seus patrocinadores, que acabam se chocando com os interesses locais, no caso o brasileiro, representado pelo seu governo. Eles acabam exigindo uma lei geral da Copa a ser ainda aprovado no Congresso Nacional, contrariando em alguns tópicos a legislação vigente no país.

No que se refere à performance da economia brasileira, ainda que se tenha reconhecido que a valorização cambial ocorre em função do influxo de recursos financeiros, não se tratou da difícil regulamentação do assunto diante da resistência dos interesses do sistema financeiro mundial. Esta limitação não afeta somente países como o Brasil, mas até o Japão e a Suíça. Ou dos aspectos políticos relacionados com a melhoria da distribuição de renda do Brasil, com a ampliação do uso do mercado interno, problema que está sendo abordado agora por países como a China e outros emergentes. Também a já longa tradição da democracia brasileira que limita a ação do Executivo, fazendo com que a política econômica não seja somente do interesse da coordenação do Ministério da Fazenda com o Banco Central do Brasil, que foi reconhecida como tendo melhorado.

Como estes aspectos estão sendo abordados pelos meios de comunicação internacional, que analisam os problemas com mais profundidade, parece que um painel desta qualidade também fornecesse aos telespectadores uma consideração sobre os mesmos.

Mas estas iniciativas devem ser aplaudidas, pois certamente ficaram acima das superficialidades da maioria das abordagens na televisão. Fica-se na a esperança que elas proporcionem audiências compensadoras, bem como os jornais impressos tenham um aumento de suas tiragens.



Deixe aqui seu comentário

  • Seu nome (obrigatório):
  • Seu email (não será publicado) (obrigatório):
  • Seu site (se tiver):
  • Escreva seu comentário aqui: