Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

O Brasil no Complexo Mundo Multipolarizado

5 de março de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: , , ,

Matias Spektor, doutor pela Universidade de Oxford e coordenador das Relações Internacionais da FGV, escreveu uma interessante nota na Folha de S.Paulo sobre as declarações do subsecretário de Estado dos Estados Unidos, William Burns, que visita o Brasil. Ele afirma que aquele país está elevando o status brasileiro em função do crescimento da importância da China, reconhecendo a importância brasileira que consegue manter relacionamentos não só latino-americanos como com países do Oriente Médio e da África. Foram utilizadas expressões como a atuação brasileira de “único” e “admirável”, que vão além dos afagos diplomáticos.

Dilma Rousseff se prepara para visitar os Estados Unidos onde terá contatos com Barack Obama. O Brasil sempre adotou uma posição de independência com o grande irmão do norte, e continua pretendendo conversar de igual para igual, diante do crescimento de sua importância no cenário internacional, tanto como um dos países considerados BRICS como no Grupo dos Vinte. O mundo já não conta com a hegemonia norte-americana, e recentemente a presidente brasileira colocou claramente à Angela Merkel, chanceler da Alemanha, que as facilidades monetárias dos países desenvolvidos provocam problemas para o Brasil.

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William Burns, subsecretário de Estado dos Estados Unidos, e Matias Spektor, da FVG

A ascensão chinesa cria problemas para os Estados Unidos, que tinha uma hegemonia mundial e podia estar presente no Oriente Médio e Ásia, como nas novas frentes como a África, mas seus atuais orçamentos não permitem mais o prestígio e a presença militar que tinha no passado. Precisa dividir o custo destas influências políticas, algumas inevitáveis.

Mesmo reconhecendo os conflitos que terá com o Brasil sobre diversos problemas, como os comerciais e agora cambiais, não conta com muitas alternativas. É preciso estabelecer relações mais profundas com líderes regionais como o Brasil que vem aumentando a sua presença no resto do mundo.

O Itamaraty vem reivindicando este papel para o Brasil que já exerceu papéis importantes no cenário internacional com mandatos das Nações Unidas. Sua importância econômica e em diversos fóruns internacionais levam os Estados Unidos a considerarem um tratamento mais adequado ao Brasil.

O Brasil aspira um lugar permanente no Conselho de Segurança da ONU, mas conta com o veto chinês, que deseja evitar a ascensão do Japão e da Alemanha, considerados como mais importantes do ponto de vista econômico. Mas as crises por que passam diante da falta de competitividade japonesa com relação aos vizinhos asiáticos e os encargos da Alemanha na Comunidade Europeia limitam a sua capacidade de ação, principalmente na área militar e diplomática.

Muitos desconfiam que os conflitos de interesse devam se intensificar na África, como já ocorre no Oriente Médio bem como no Atlântico. O potencial de petróleo e gás acaba sendo palco de novas disputas, sendo necessário aos Estados Unidos contarem com aliados consolidados nestas regiões.

Há, portanto, novos sinais no horizonte e os Estados Unidos estão dando os primeiros para um relacionamento mais profundo com o Brasil, que também necessita de apoio para ampliar as suas pretensões no cenário internacional, além da imagem que continua melhorando.



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