Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

É possível Tirar o Planeta dos Limites da Destruição

2 de março de 2012
Por: Naomi Doy | Seção: Depoimentos, webtown | Tags: , | 7 Comentários »

Fundador do Worldwatch Institute e presidente do Earth Policy Institute (Washington-DC, EUA), instituições ligadas à sustentabilidade mundial, Lester R. Brown é personalidade bastante presente nos dias atuais. Suas ideias claras e aguçadas ajudam-nos a entender como é possível enfrentar os grandes desafios ambientais da humanidade. O Brasil teve a oportunidade de conhecê-lo em agosto de 2009, quando esteve em São Paulo para o lançamento do seu livro traduzido para o português, Plano B 4.0 – Mobilização para Salvar a Civilização, Ed. Ideia Sustentável-2009.

Nele, Lester Brown explica, com grande clarividência informativa para leigos em geral, os desafios do mundo contemporâneo, apresentando dados básicos, listando alternativas, e avaliando seus custos. Embora a visão esteja centrada no meio ambiente, a sua abrangência é mais ampla, fazendo-nos conscientizar que são muito evidentes tanto as ameaças de destruição quanto as alternativas para melhorar a saúde do planeta e dos seus habitantes. Em suma, é possível salvar a civilização das trevas da destruição. As respostas para tanto estão agrupadas em quatro premissas: estabilizar o clima, controlar o crescimento da população mundial, erradicar a pobreza, e restaurar a capacidade de regeneração da base natural da economia. O grande dilema é: entre o ritmo veloz de agravamento das tensões do meio ambiente, e a lentidão da reação dos governantes em geral, teremos tempo para mudar e salvar – antes que o mundo ultrapasse o limite?

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Lester R. Brown e as capas dos dois livros

Stephen Hesse, scholar americano de Westport, Connecticut, é professor da Faculdade de Direito da Universidade Chuo, em Tóquio. Erudito ambientalista, ele escreve coluna mensal elucidativa no The Japan Times, Our Planet Earth. Recentemente, ele se encontrou com Lester Brown em Tóquio, quando do lançamento de seu último livro, traduzido para o japonês: World on the Edge: How to Prevent Environmental and Economic collapse, Ed. W.W. Norton & Co, 2011 (Mundo no Limite: Como Prevenir o Colapso Ambiental e Econômico). O título em japonês é monumental e algo messiânico: Chikyu ni Nokosareta Jikan – Hachijuokunin wo Kiboh ni Michibiku Saishu Shohosen (em tradução livre, “penitências legadas à Terra – relatório definitivo para guiar oito bilhões de seres à esperança”).

O professor Hesse esperava encontrar um sisudo ambientalista, mas o economista se revelou pessoa bem humorada e sociável – tanto quanto um visionário apaixonado pelas ideias que defende (Gloom, doom – Lester Brown’s Plan B – The Japan Times, 26/02/2012). Apesar dos sombrios prognósticos que enumera, Brown está bastante otimista com o declínio das emissões de carbono nos Estados Unidos (caíram 7% nos últimos quatro anos). As principais fontes de emissões de carbono são as usinas de carvão e a queima da gasolina, mas regulamentações do uso de combustíveis e a preferência das pessoas estão mudando. Projeções apontam que em 2025 carros consumirão a metade da gasolina dos carros fabricados em 2010. Ademais, a cultura “motorizada” dos americanos está se modificando: carros era parte da socialização para as gerações mais velhas. Hoje, jovens se socializam através de smartphones e Internet. A geração de energia através de outras fontes é algo que também está se transformando nos EUA (como na China), seguindo tendências como as da Alemanha – onde, em alguns estados, 40 a 60% da energia provêm de fonte eólica.

Por outro lado, com a crescente escassez de água no mundo inteiro, e mudanças climáticas impactando condições atmosféricas e agricultura, sem dúvida o alimento é hoje o ponto fraco da estabilidade global: água e alimento se tornam cada vez mais pontos chaves de segurança nacional. “É preciso redefinir a seguridade em termos de século XXI. As ameaças agora são volatilidade climática, crescente escassez de água, contínuo aumento da população, propagação da fome, e Estados em falência. O desafio é delinear novas prioridades fiscais que equilibrem estas ameaças de segurança”, pondera Lester Brown.

Embora os prognósticos sejam severos, é possível entrever muita opção otimista para a sustentabilidade humana dentro da escala global. O professor Hesse recomenda com vigor a leitura desse livro para jovens e adultos, sem exceção. A tradução para o português não deverá tardar.


7 Comentários para “É possível Tirar o Planeta dos Limites da Destruição”

  1. Yoshio Hinata
    1  escreveu às 19:00 em 3 de março de 2012:

    Mr. Yokota,
    Esse artigo me lembrou a então menina Severn Suzuki na ocasião da ECO-92, realizada no Rio de Janeiro, que encantou o mundo por 6 minutos com palavras que passados 20 anos ainda continuamos na mesmice. Assim como o seu artigo hoje, daqui a quantos anos vamos relembrar de novo se foi feito algum progresso?
    A historia se repete, o imperio-romano acabou com degradação humana.

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 23:30 em 3 de março de 2012:

    Caro Yoshio Hinata,

    Obrigado pelo comentário. O artigo é de autoria da Naomi Doy a quem solicitei completar o que estou respondendo de minha parte. No último dia 27 de fevereiro postei um artigo sobre a entrevista concedida por Connie Hedegaard que é uma ministra da Comunidade Européia sobre o assunto que será debatido em junho próximo no Rio + 20. O Brasil aumentou substancialmente a utilização do etanol que passou a participar de combustíveis até em alguns estados norte-americanos. Já postamos artigos sobre o aumento mundial do gás natural que aumenta sensivelmente na matriz energética mundial, sendo menos poluente. Esta década está sendo considerada do gás natural. Muitas iniciativas estão sendo feitas na utilização da energia solar e eólica. Que temos que fazer mais não tenho dúvidas. Mas até no atual Plano Quinquenal da China verifica-se o empenho daquele país para a redução do lançamento de poluentes na atmosféra.
    Acho que temos razões para um pouco mais de otimismo, até porque a consciência mundial sobre o assunto vem aumentando.

    Paulo Yokota

  3. naomi
    3  escreveu às 09:03 em 4 de março de 2012:

    Prezado Yoshio,
    Obrigada pela oportuna observação.
    Império romano, sodoma-gomorra se foram pela degradação humana, e o que está em pauta hoje é o próprio destino do Planeta todo. Entretanto, a humanidade se conscientiza; visionária otimista, ainda acredito que teremos lambarís de volta no Rio Pinheiros. Daquí a 20 anos? Então poderei morrer tranquila?…

  4. Yoshio Hinata
    4  escreveu às 13:22 em 4 de março de 2012:

    Prezada Naomi Doy,
    Gostaria muito de ver o Rio Pinheiros e o Tiete limpos, e com Lambaris seria maravilhoso, assim como vi um pequeno rio ao lado aonde morei em Asaka-shi, Saitama-ken, limpinho com carpas e ayuu que é indentico ao lambari.
    Vi tambem que as lições começam desde o berço, as crianças aprendem a separar os lixos e fazem aulas praticas limpando os rios e imediações de detritos que inevitavelmente tambem existem.
    Gastou se milhões para limpeza do Tiete com ajuda dos japoneses, algum progresso houve? Acho que vinte anos é pouco pelo caminhar da nossa educação, cultura.
    O rio ficara limpo pela propria natureza, se aprendermos a não jogar lixo nas ruas e disciplinarmos as industrias a filtrarem seus detritos.
    Sou otimista, mas ….

  5. Paulo Yokota
    5  escreveu às 19:07 em 4 de março de 2012:

    Caro Yoshio Hinata,

    Tudo indica que V. é muito jovem para conhecer o que veio melhorando nas últimas décadas. Conhecí Kawasaki quando vindo de Haneda para Tóquio e os olhos ficavam lacrimejando com a poluição. Ou o rio que atravessa Seul que era tão poluido como o Tiete e passou a permitir a vida dos peixes. Seria interessante que V. conhecesse a quantidade de tuneis captadores de esgoto que estão prontos em São Paulo (as obras importantes não estão à vista). Trabalhei muito na Amazônia e em todo o interior brasileiro e hoje vejo a redução do desmatamento, e muitos reflorestamentos com a chamada agrofloresta. Vejo em São Paulo o aumento de sacolas biodegradáveis ou de tecidos. O aumento do etanol que tinha antes um odor característico e hoje a maioria dos carros são flex fuel. Na história da humanidade sempre houve os partidarios de Malthus, mas nenhum dos desastres previstos ocorreram, e há redução da população como no Japão e outros países chamados desenvolvidos. É impressionante a mudança de política ambiental que está ocorrendo na China e nos Estados Unidos, dois dos mais poluidores do mundo. Não é preciso ser otimista, mas realista, pois o pessimismo, que eu saiba, até agora não contribuiu para nada. Lamentavelmente o desastre é mais noticiado que os trabalhos sérios feitos em todo o mundo. A Escandinávia no século XIX era uma calamidade como toda a Europa durante a Revolução Industrial. Conseguimos sobreviver a todas estas dificuldades.

    Paulo Yokota

  6. Yoshio Hinata
    6  escreveu às 19:45 em 4 de março de 2012:

    Caro Yokota-san,
    Agradeço o jovem, traduzo em desconhecimento de causas como os enumerados, e posso estar equivocado nas evoluções ora em andamento.
    Sobre os Estados Unidos e China que não aderiram ao tratado de Kyoto e continuaram com niveis de poluição altissima, provavelmente hoje estão mais preocupados, não por conciência politica e mais por efeitos catastróficos da maltratada atmosfera.
    Realmente em SP., dentro do Projeto Tiete, as estações de tratamento de esgotos sim é uma realidade.
    Yokota-san, eu sou do tempo do Bonde, que era bem ecologico, e soube tambem que o Japão era muito poluído e tinha população de ratos maior que a do povo de Tokyo na decada de 50.

  7. Paulo Yokota
    7  escreveu às 07:36 em 5 de março de 2012:

    Caro Yoshio Hinata,

    Lamentavelmente o mundo está correndo para sanar alguns dos problemas que está sofrendo, antecipando pouco sobre os que vão ocorrer no futuro. Estamos discutindo com os japoneses e outros países asiáticos o aumento do transporte de massa não poluentes. O Japão continua nos ajudando no saneamento, como da Baixada Santista e do Guarapiranga. Mesmo com os problemas da crise econômica mundial, muitos países que não aderiram ao Protocolo de Kyoto estão tomando as providências e este entendimento mundial foi prorrogado. Temos muito que fazer, mas estamos lutando com os recursos excassos. Os problemas superam os recursos disponíveis, e temos que fazer mais de forma mais eficiente, com custos menores.

    Paulo Yokota


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