Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Acadêmicos Tentam Entender o Desenvolvimento Brasileiro

19 de abril de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: , , ,

Mark Roe e João Paulo Vasconcellos, de Cambridge, analisam como o Brasil conseguiu desenvolver-se apesar das limitações no seu setor legal, num artigo divulgado pelo Project Syndicate. As recomendações teóricas como de instituições, como o Banco Mundial, recomendam que uma das condições para o desenvolvimento seja a existência de um clima favorável aos negócios, onde se destaca a garantia legal. No caso brasileiro, constatam que o funcionamento dos tribunais ou entidades relacionadas com a rápida resolução das arbitragens não é ágil para garantia plena dos direitos dos investidores e financiadores. Mas constatam que o desenvolvimento está se observando, principalmente por que Lula da Silva, que era considerado como representante dos trabalhadores, teve a clarividência de manter as regras do capitalismo no funcionamento da economia.

Segundo os autores, o mercado de capitais desenvolveu-se no Brasil com mais empresas procurando recursos, mesmo sem a mudança no sistema legal. Gerou-se a confiança dos investidores externos nas novas empresas que entraram no mercado. Eles interpretam que as arbitragens atenderam os problemas da insuficiência da justiça.

project-syndicate

Segundo o artigo, dois aspectos ajudaram o desenvolvimento. A primeira seria a estabilidade monetária e a disponibilidade de recursos naturais. A política macroeconômica ajudou a atrair o interesse dos investidores estrangeiros. O outro seria esta estabilidade política alcançada mesmo com a eleição de um líder sindical para a presidência do país, dando continuidade à política econômica que vinha proporcionando resultados positivos.

Dilma Rousseff teria dado continuidade a esta política, considerando o capitalismo como uma solução. Diante de um quadro desta natureza, os investidores estrangeiros teriam tomado os seus riscos, que se tornaram razoáveis.

Este tipo de consideração feito pelos autores do artigo não constituem um consenso. Posições divergentes são colocadas por outros analistas, mostrando que a partir do governo Lula da Silva houve uma mudança de prioridade. Promoveu-se uma melhoria da distribuição de renda, criando um mercado interno expressivo com uma nova classe média ampliando a demanda interna.

Ao mesmo tempo, aproveitou-se a melhoria que estaria ocorrendo em toda a economia globalizada, que proporcionaram preços compensadores para as principais commodities exportadas pelo Brasil, como os minérios e produtos agropecuários. Mesmo não tendo havido uma sensível elevação das quantidades exportadas, com uma mudança na política econômica, gerou-se recursos externos suficientes para a acumulação de reservas internacionais, que proporcionaram atrativos suficientes para os investidores estrangeiros, que aproveitaram os juros elevados praticados pelo Brasil.

Haveria agora necessidades de mudanças significativas com a alteração da evolução na economia global. As exportações não acusam a mesma expansão em valores, enquanto o setor industrial sofre limitações diante de um câmbio extremamente valorizado com o influxo de recursos financeiros externos.

Sem alterações substanciais na política econômica, a sustentabilidade do crescimento econômico estaria encontrando limites.



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