Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Diferentes Causas dos Aumentos dos Consumos de Luxo

6 de maio de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , ,

Do fato que a Veja São Paulo deste fim de semana lançou uma edição especial Luxo, pode-se efetuar algumas considerações sobre o que estaria acontecendo em diversos mercados com a ampliação das vendas para estas faixas de consumidores de alta renda ou patrimônio. Mesmo com as crises econômicas em muitos países, observa-se que nos países emergentes, com a aceleração do seu crescimento, existe uma pequena parcela da população que melhora substancialmente suas rendas que induzem estes consumos de novos ricos. Parece que é o que se observa na China atual e que é tradicional onde as distribuições de renda sempre foram desiguais, como no Brasil e na Índia, ou países privilegiados por recursos minerais como o petróleo e gás controlados por poucos.

Mas tudo indica que, quando os países já dispõem de um nível de renda apreciável, como alguns países europeus, Estados Unidos e Japão, a crise tende a provocar uma redução temporária deste tipo de consumo, mas que volta a ativar-se com o que alguns analistas estão chamando de “saturação da frugalidade”. Para os detentores de grandes patrimônios, parece prevalecer por um período um sentimento de contenção, uma espécie de “não pega bem esbanjar quando os outros passam por dificuldades”, mas que depois de um período este sentimento acaba sendo superado pelo desejo de gozar o que há de melhor para o seu nível de patrimônio, mesmo que a sua renda não esteja se elevando temporariamente.

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Este mercado sempre manteve um consumo de produtos de luxo, como é possível ser constatado pelo elevado número de publicações dirigidas para este segmento da população.

No passado, muitos latino-americanos eram conhecidos como “play boys” internacionais como Jorginho Guinle e Baby Pignatari por terem herdado fortunas que esbanjaram totalmente com famosas estrelas internacionais. Havia uma lenda que afirmava que os seus avós iniciaram a acumulação de fortunas que podem ter sido consolidadas pelos seus pais, mas que os netos acabaram consumindo.

Muitos novos ricos são conhecidos por suas extravagâncias com bebidas, festas e outras formas de consumo de luxo, sem dar a devida importância para as fortunas acumuladas, muitas vezes de formas duvidosas. Mas também existem as grandes fortunas familiares que são mantidas discretamente, como na Europa, por gerações e nos momentos de crise não mais contidos nos seus consumos, que não costumam ser ostensivos.

As informações que chegam de muitos países mostram que parte da reativação do consumo ocorre em bens de elevado valor, como no Japão e nos Estados Unidos, sendo explicados como fenômenos de saturação da frugalidade. Acabam sendo bolhas, se a crise persiste por muito tempo.

Estas culturas são demoradas para se consolidar como para serem arraigadas, mesmo que medidas sejam tomadas. Recentemente, os exagerados ganhos de executivos de algumas instituições financeiras que ampliaram a extensão da crise por todo o mundo acabaram gerando restrições da população, exigindo a tributação adicional sobre grandes fortunas.

Por mais que venham se aperfeiçoando, os mecanismos para uma tributação adequada sempre acabam restando algumas brechas que são aproveitadas, com o uso de profissionais especializados. As grandes fortunas no Japão, por exemplo, acabam sendo transferidas para instituições que continuam sendo controladas por estas famílias, pois as tributações das heranças abarcam quase a totalidade destes patrimônios.

No caso do Brasil, além das operações duvidosas que transferem fortunas para os paraísos fiscais, as tributações sobre os ganhos de capital são relativamente modestas, bem como sobre as heranças, havendo resistências para a sua elevação.



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