Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Melhoria da Comunicação Brasileira Com o Exterior

28 de maio de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , ,

O jornal Valor Econômico, segundo um artigo elaborado por Lucinda Pinto, informa que o Banco Central promoveu algumas reuniões com analistas estrangeiros, pois havia um sentimento no exterior que estava faltando explicações mais claras das autoridades sobre a situação real do Brasil e a política monetária e cambial perseguida por elas. Ainda que se admita que os diagnósticos das autoridades monetárias tenham sido mais corretos do que os dos chamados analistas do mercado privado, fortemente influenciados pelo sistema bancário, nem todos no exterior estão satisfeitos com as informações disponíveis sobre as estratégias perseguidas.

Estas tendências não se observam somente no Brasil, a ponto de entidades norte-americanas, como a American Economic Association, exigirem a explicitação dos que estão financiando as pesquisas para que elas sejam publicadas. Lamentavelmente, existem interesses que estão sendo defendidos por elaboradores destes estudos, notadamente relacionado com o sistema financeiro.

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Presidente do Banco Central do Brasil Alexandre Tombini

Estas reuniões, como envolvem questões relacionadas com bancos internacionais, estão sendo feitas pelo que o jornal chamou de “corpo-a-corpo”, de forma que questões sensíveis possam ser explicadas de forma individualizada. As reuniões gerais não resultam nos efeitos desejados, pois muitos querem tocar em assuntos delicados, que não sejam do conhecimento de concorrentes. As autoridades também acabam ficando mais à vontade, de forma a dar indicações de posições que podem ser consideradas estratégicas.

O que parece necessário é que tais informações não se prendam somente aos aspectos monetários. Na fase conturbada por que passa a economia de todo o mundo, muitos empresários se ressentem da falta de um melhor esclarecimento da política que está sendo perseguida por todo o governo, bem como a estratégia adotada.

A presidente Dilma Rousseff e o seu ministro da Fazenda Guido Mantega têm se esforçado para fornecer muitas informações, mas são entendidas como voltadas à opinião pública. Os analistas necessitam de informações mais profundas, se possíveis baseadas em estudos mais elaborados que permitam ter uma noção mais clara dos objetivos, os instrumentos que devem ser utilizados e as estratégias pelas quais se pretende atingi-los.

Com as sucessivas mudanças que estão sendo processadas, muitos entendem que as medidas são meramente pontuais, não ficando claro o conjunto do programa que está em andamento. Na realidade, a ação governamental necessita estar coordenada, envolvendo tanto os aspectos fiscais, monetários, como cambiais, salariais, utilização dos recursos disponíveis etc. A política industrial, agropecuária, de infraestrutura necessita estar com um mínimo de coerência, envolvendo a das pesquisas tecnológicas, a preparação dos recursos humanos, bem como os relacionamentos externos.

Sem que o conjunto do quadro fique mais claro, sempre acabará restando à impressão de certo improviso ainda que o pragmatismo exija a flexibilidade para ajustar-se ao que vem acontecendo no resto do mundo.

Esta comunicação adequada com os empresários brasileiros e internacionais acaba sendo vital, pois sem ela as empresas e os financiadores não se sentem seguros suficientes para as perspectivas de prazo mais longo, ainda que considerem que o Brasil encontra-se numa posição privilegiada, como uma economia emergente que resolveu seus problemas políticos e de distribuição da renda, provocando a ampliação do mercado interno, estratégico quando as exportações se tornam mais difíceis.



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