Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Notícias Recentes do Japão na Visão de um Nikkei

6 de maio de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: , | 8 Comentários »

Angelo Ishi, um jornalista nikkei brasileiro que vive em Tóquio, vem mandando regularmente suas contribuições para o suplemento Ilustríssima, publicado dominicalmente pela Folha de S.Paulo, enfocando tópicos que nem sempre são compreensíveis por todos os leitores brasileiros. O suplemento aborda temas que nem sempre são populares, tendo uma orientação um pouco sofisticada culturalmente. No tópico principal, trata de uma série de publicidade que vem sendo feito pelo Softbank, de propriedade do descendente de coreanos, Masayoshi Son, que é um grande empresário naquele país, que vem provocando um grande impacto, sendo considerado pelo quinto ano como os mais apreciados pelos telespectadores.

Conheci-o quando ele esteve em São Paulo, quando ainda não era tão importante, e notei que é um empresário extremamente ousado, tendo conseguido uma boa parcela do mercado japonês com uma gigantesca empresa telefônica, principalmente de celulares e assemelhados, tendo no seu grupo até um time de beisebol. Anúncios chocantes já foram publicados por empresas italianas em todo o mundo. Os coreanos e seus descendentes sempre foram discriminados no Japão e a carreira de Masayoshi Son não deve ter sido fácil, sendo hoje considerado por muitos como o “Steve Job japonês”

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Angelo Ishi e Masayoshi Son

O anúncio tratado está sendo veiculado desde 2007, como se fossem capítulos de uma novela, segundo Angelo Ishi, tornando-se num fenômeno sociocultural colocando em discussão problemas familiares e a questão dos estrangeiros na sociedade japonesa. Retrata uma família que o pai é um cachorro de verdade (e na cultura coreana chamar alguém de filho de cão é ofensa grave), o filho mais velho é um negro e somente a mãe e a filha são japonesas. A família acolhe um estudante pensando que se trata de alguém proveniente de Havaí, dos Estados Unidos, mas descobre que é de uma cidade com o mesmo nome da província de Tottori.

Como cenário atual no Japão é preciso explicar que as novelas coreanas e seus astros são sucessos entre os japoneses, uma contradição com o que ocorria a algumas décadas passadas, e a Softbank é uma empresa japonesa. Também algumas campanhas publicitárias de empresas italianas, divulgadas em todo o mundo, conseguiram impactar a imagem pretendida, com algumas colocações chocantes para muitos.

Angelo Ishi trata ainda de dois temas atuais. Uma minissérie que trata da liberdade de imprensa, quando um jornalista japonês foi condenado quando revelou entendimentos secretos entre as autoridades japonesas e norte-americanas, relacionadas com a devolução da ilha de Okinawa para o Japão, só obteve 12% de audiência. Teria provocado uma frustração entre os jornalistas daquele país.

Finalmente, ele menciona o forte impacto que está provocando a nova Sky Tree Tower, a mais elevada no mundo para a transmissão da televisão digital de alta definição em Tóquio. A tecnologia aplicada deve resistir aos terremotos mais elevados, e a parte da chamada cidade baixa daquela capital está sofrendo uma nova ativação de suas atividades, como foi possível constatar numa viagem recente.

Tudo isto mostra que a grande metrópole de Tóquio passa por um processo de acentuada transformação, dentro da atual globalização que vem ocorrendo no mundo, mas preserva as suas características próprias.


8 Comentários para “Notícias Recentes do Japão na Visão de um Nikkei”

  1. mestiço black
    1  escreveu às 19:23 em 6 de maio de 2012:

    É duro ser pobre.

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 04:37 em 7 de maio de 2012:

    Caro Mestiço Black,

    Obrigado por acessar o site. Não acredito, exatamente por ser pobre é que existe a possibilidade de desafios estimuladores para sair desta situação. A mestiçagem gera criatividade, o duro é ser somente de uma etnia que normalmente gera deterioração. O processo de desenvolvimento, de uma pessoa ou de um país, é a luta constante para superar as limitações. Ânimo!

    Paulo Yokota

  3. Raphael
    3  escreveu às 10:45 em 7 de maio de 2012:

    Faltou dizer que essa série de comerciais é muito bem humorada. Aliás, o humor prevalece sobre alguma possível polêmica.
    Quem quiser ver, há quase todos no Youtube, procurando por ‘Softbank CM’.

  4. Paulo Yokota
    4  escreveu às 19:07 em 7 de maio de 2012:

    Caro Raphael,

    Obrigado pelo comentário.

    Paulo Yokota

  5. Pedro Nakazone
    5  escreveu às 17:37 em 7 de maio de 2012:

    Angelo Ishi aqui no Japão não é bem visto pelos dekasseguis.

  6. Paulo Yokota
    6  escreveu às 19:04 em 7 de maio de 2012:

    Caro Pedro Nakazone,

    Na coluna da Folha ele não está se referindo a esta comunidade.

    Paulo Yokota

  7. Jonas
    7  escreveu às 17:09 em 8 de maio de 2012:

    Essa tranformação que está ocorrendo no Japão, principalmente em Toquio devido a vários fatores, o interesse principalmente de jovens sobre países estrangeiros e o seu fluxo de turista para fora e a volta carregada de experiências, e a outra é a chamada Korean wave, já de algum tempo que está com força no Japão.
    Mas acredito que ainda existe uma forte retenção em todo o país, vide manifestações sobre essas ondas sub culturais do exterior no Japão. Ou seja, os valores e principios de uma parcela enorme da população não é o que a televisão apresenta.

  8. Paulo Yokota
    8  escreveu às 18:44 em 8 de maio de 2012:

    Caro Jonas,

    Em qualquer sociedade existem tendências diferentes. O impressionante é que as senhoras japonesas maduras são fãns de novelas coreanas e seus astros. Os jovens, na minha opinião, sempre tiveram interesse pelas culturas estrangeiras, mas não contavam com facilidades para visitarem o exterior, o que ficou mais fácil. No interior do Japão ainda existem culturas arraigadas, havendo até sotaques regionais, bem como valorização do que é típico de uma região ou cidade. As televisões, em qualquer lugar, não refletem a realidade nacional ou internacional. No Brasil, por exemplo, a TV Globo reflete mais uma realidade carioca que choca as populações do interior, como do Acre ou regiões conservadoras do nordeste.
    Obrigado pelos comentários.

    Paulo Yokota


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