Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Reservas Com os Comentários dos Analistas Financeiros

18 de maio de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , , ,

Ouvindo, vendo ou lendo alguns comentaristas financeiros que opinam nos meios de comunicação social brasileiro, fica-se com a impressão que muitos deles poderiam ser considerados como pessoas que possuem comportamentos bipolares, alternando períodos de euforias excessivas e irreais com os depressivos profundos e exagerados. Até recentemente, criticavam as autoridades monetárias do Brasil pelos excessos de cautela reduzindo as taxas de juros, elas que tinham uma compreensão mais adequada das dimensões da crise mundial e do tempo de sua propagação, e agora prognosticam dificuldades sistêmicas com os problemas da Grécia, contaminando toda a Europa. Nem tanto o mar nem tanto a terra.

Todos os operadores dos mercados financeiros estão conscientes das dificuldades porque passam os gregos e alguns países da Europa já há algum tempo, e procuraram adotar políticas cautelosas, tendo “precificados” (como eles usam nas suas exóticas terminologias) os seus ativos financeiros, constituindo parte das reservas para enfrentarem situações desfavoráveis. As autoridades europeias vieram exigindo que as instituições financeiras se preocupassem com a sua solidez, preparando-se para os assistirem no que for necessário, para evitar riscos sistêmicos. Nada do que está acontecendo é uma novidade, inclusive as dificuldades eleitorais de quem estava no poder neste quadro econômico, e se as bolsas apresentam flutuações acentuadas nos últimos dias, tudo ocorre no mundo virtual, nada no mundo real das coisas concretas. Nenhuma casa ou edifício foi destruído, nem uma fábrica, os campos agrícolas continuam os mesmos, como todos os habitantes dos muitos países.

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A população europeia é a mesma, com os seus anseios de consumirem mais que produzem e que serão obrigados a ajustarem o seu comportamento, ainda que se manifestem contra medidas restritivas, até nas eleições. O que pode ocorrer é uma acomodação temporária, mas serão obrigados a se conformar as restrições existentes.

A economia norte-americana vem se recuperando ligeiramente, até diante do próximo quadro eleitoral, pois numa situação de acentuado desemprego Barack Obama não teria nenhuma chance de renovar o seu mandato. O Japão procura se adaptar como pode, e mesmo que muitos críticos apontem o desaquecimento das economias asiáticas, o fato concreto é que continuam em patamares invejáveis, digno das épocas mais áureas da economia brasileira.

A população mundial continua crescendo, com as suas parcelas menos favorecidas sendo incorporadas no mercado, e com os seus idosos vivendo por mais tempo. Eles têm suas necessidades, e acabam consumindo mais alimentos, precisando de vestuários, aspirando padrões de bem-estar mais elevados. Havendo demanda, sempre aparecem os empresários providenciando produções para atendê-los, tudo no campo físico e concreto, pois são movidos pelo desejo de obter vantagens.

O que é virtual pode sofrer quedas bruscas, como subiram de formas incompreensíveis. Muitas empresas passaram a ser cotadas com valores difíceis de serem entendidos, pois não contam com ativos físicos como imóveis, fábricas, recursos humanos, equipamentos etc.. Muitos dos papéis vendidos no mercado não tinham correspondências com o que pretendiam representar, e se tiverem continuarão lastreados pelos mesmos.

O máximo que poderá acontecer é os que viviam de lances que aparentavam mágicas terão que voltar a trabalhar e a produzir algo de concreto, que forma o mundo dos seres humanos. O que pode estar sendo eliminado é a ilusão. Mas nada disso ocorrerá como um raio, do tipo que ocorreu depois de 1929. De lá para hoje, o mundo aprendeu muito, e mesmo a decadência vai ocorrendo aos poucos, enquanto o novo mundo emergente vai continuar exigindo muito trabalho, por décadas.



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