Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Última Proposta de Uma Prêmio Nobel Para Rio + 20

13 de junho de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: , ,

A complexa problemática da sustentabilidade, assunto que deverá ser discutido na reunião das Nações Unidas na chamada Rio + 20, foi elaborada num artigo pela prêmio Nobel Elinor Ostrom, que faleceu em no último dia 12 de junho, e foi divulgado pelo Project Syndicate. Ela era a assessora científica chefe da organização Planet Under Pressure e professora de Ciência Política da Universidade de Indiana e, pela circunstância dramática do seu passamento, este artigo deverá merecer a consideração especial de todos que se preocupam com o assunto, apesar da dificuldade de sua compreensão. A autora conta com a autoridade conferida pelo seu título, como pelos trabalhos e considerações ponderadas sobre o desenvolvimento sustentado. O complexo e sofisticado texto integral do seu artigo em inglês pode ser obtido no www.project-syndicate.org/print/green-from-the-grassroots .

Ela apresenta a posição que o assunto deve ser considerado com seriedade por todos os participantes do Rio + 20, mas não recomendou que houvesse uma decisão única sobre um assunto tão complexo que apresenta facetas diversas dos mais variados pontos de vista. Não viu possibilidade de uma solução única de cúpula, mas reconheceu que está havendo um avanço profundo do que ela chamou de “Green from the grassroots”, ou algo como uma consciência base decorrente da opinião pública. Ela entendeu que muitos se dirigem à reunião como se fosse para estabelecer um Plano A para o Planeta Terra para uma decisão singular para um sistema para proteger a vida, prevenindo-a da crise global da humanidade.

ElinorOstrom

Elinor Ostrom

Ela escreveu que uma inanição de todos no Rio seria desastrosa, mas um simples acordo internacional poderia ser um erro. Na opinião dela, não podemos ter uma política global singular para resolver todos os problemas dos recursos comuns: os oceanos, atmosfera, florestas, rios, e a rica diversidade da vida, inclusive os sete bilhões de seres humanos. A humanidade nunca foi confrontada com um problema nesta escala numa sociedade interconectada globalmente.

Segundo ela, décadas de pesquisas demonstraram que a sobreposição de variadas políticas nas cidades, regionais, nacionais e internacionais, parece mais adequada para obter sucesso que um único acordo geral. Haveria necessidade de um enfoque evolucionista na política sobre o tratamento dos diversos assuntos.

As cidades seriam responsáveis por 70% dos gases que estão provocando o aquecimento global, sendo necessárias adaptações, que podem ser conseguidas paulatinamente. Nos Estados Unidos não há, segundo a autora, um mandato para decisão federal, mas a boa notícia é que em maio do ano passado cerca de 30 Estados desenvolveram seus próprios planos, e mais de 900 cidades assinaram acordos de proteção climática.

As diferenças que vêm da base fazem mais sentido. Cidades sustentáveis atraem populações educadas, e as suas práticas vão sendo imitadas por outras, segundo ela. É claro que a sustentabilidade vai além dos controles da poluição e dos limites das cidades, envolvendo energia, alimentos, água e pessoas.

No mundo, segundo a autora, existe uma grande diversidade e heterogeneidade de cidades, envolvendo toda a Terra. Há um risco sistêmico e mudanças nos seus sistemas de interconexões. Segundo ela, Rio + 20 chega num momento crucial. A sustentabilidade é um pré-requisito para o futuro desenvolvimento, e a local deve se somar à nacional, até chegar à global.

O objetivo, segundo a autora, é inocular o DNA da sustentabilidade na nossa sociedade globalmente interconectada. O tempo que nos resta é muito limitado e a reunião do Rio deve galvanizar o mundo, dentro dos seus limites. Até 2015, pode haver muitos aprendizados sobre as Metas Estabelecidas para o Milênio, não havendo conveniência para que sejam aprovadas imediatamente.

Muitos planos devem estar sobrepostos nos países, estados, cidades, companhias e sobre todos os seres humanos. Temos, segundo ela, que agir dentro do que é possível, pois a inércia pode ser fatal para a humanidade.

A prêmio Nobel Elinor Ostrom nos deixou a todos um pesado encargo, e o planeta necessita ter a consciência do risco em vez de colocar em perigo o bem-estar das gerações futuras, segundo ela. A complexidade de suas colocações recomenda uma leitura cuidadosa do artigo por ela deixado.



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