Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Os terraços de arrozais Honghe Hani da China

11 de junho de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Economia, Editoriais, Notícias | Tags: , ,

Os viajantes que têm o privilégio de visitar o interior da China podem ter a clara ideia da importância da disponibilidade de terras para a agricultura daquele país. O caso dos terraços de Honghe Hani, motivo do artigo Wang Hao, Pauline D. Loh e Cang Lide, publicado no China Daily, excedem qualquer expectativa. Estes terraços foram considerados patrimônios culturais da humanidade, pelo Globally Important Agricultural Heritage Systems Pilot Sites (GIAHS) da FAO – Organização para Alimentação e Agricultura das Nações Unidas, em 2010.

Os terraços de Honghe Hani ficam na província de Yunnan, no sudoeste chinês, quase na fronteira com o Vietnã, e mesmo nos períodos das secas mais terríveis da região se mantêm verdes e produtivos. Como a região é montanhosa, terraços foram construídos para os plantios do arroz, como se fazem em algumas áreas asiáticas, pois mesmo os terrenos acidentados precisam ser aproveitados para esta produção vital do alimento básico da grande maioria dos povos da Ásia.

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A beleza plástica das fotos é importante, e a área está sendo objeto de exploração turística, pois é de vital relevância que esta tradição seja preservada, mesmo contrariando as regras de mercado. Com o avanço da agricultura do arroz em grandes escalas, os preços obtidos por estes plantios heroicos não são mais competitivos. Principalmente porque os jovens das famílias dos agricultores foram trabalhar nas indústrias ou outras atividades urbanas.

Para se encontrar formas de sobrevivência, foram organizadas, a partir de 2003, Associações dos Terraços de Hani Rice, que promovem turismos para a região, inclusive visitas para conversas com os agricultores. Com a transformação em patrimônio da humanidade estas atividades devem ganhar maior repercussão.

Esta região usa um dialeto específico, e a sua cultura é cantada em canções. Foram gravadas, depois de traduzidas para o inglês, e formam um volume conhecidas como “Songs of the Four Seasons”, pois nestas áreas são atribuídas grandes importâncias às estações do ano.

Toda a água é aproveitada, passando dos terraços mais altos para os mais baixos, pois o arroz é cultivado nos chamados “polders” em inglês, “ta” em japonês, separados por estes pequenos diques. Certamente, estes terraços foram trabalhos de séculos de muitos agricultores que lutaram pela sua sobrevivência.

É por isto que todos os asiáticos aprenderam que cada grão de arroz não pode ser desperdiçado, e as tigelas ficam totalmente limpas ao término das refeições. Quando se fala tanto da sustentabilidade, como nos eventos do Rio + 20, é preciso que toda a população mundial se dê conta da importância da preservação dos alimentos produzidos, não podendo se dar ao luxo de nenhum desperdício.

A cultura destas regiões asiáticas chega a considerar os alimentos quase sagrados.



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