Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Relações Nipo-Brasileiras no Mundo Conturbado

4 de junho de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , , | 2 Comentários »

Todos os analistas admitem que os intercâmbios nipo-brasileiros gerais se encontram em patamares inferiores às potencialidades econômicas de ambos os países, mesmo considerando as limitações existentes e as incertezas que dominam o cenário internacional. Com o Japão enfrentando décadas de um crescimento modesto, muitas das suas atividades produtivas e até muitos dos seus idosos cada vez mais numerosos na sua população necessitam ser transferidos para o exterior. Isto vem ocorrendo e o Brasil, apesar de preencher muitas das condições desejadas e preferenciais para tanto, não tem se beneficiado expressivamente destes fluxos.

Pequenas e médias empresas japonesas estão efetuando suas ampliações, os fornecedores de equipamentos pesados e tecnologias estão interessados, mas não chegam a se interessar por investimentos expressivos que exigem parcerias de longo prazo. Como já enfrentaram problemas no Brasil no passado, desejam contar com as determinações das autoridades brasileiras sobre os objetivos que estão sendo perseguidos para concretizarem suas potencialidades, pensando em escalas globalizadas.

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Mesmo com todas as limitações existentes nos diversos países, bem como no conjunto da economia mundial, todos admitem que os países emergentes continuem contando com melhores condições para a manutenção de um crescimento expressivo. Não se trata somente do fornecimento de matérias-primas, agropecuários, minerais ou energias. Com suas dificuldades pontuais, lutam para superar as suas insuficiências e existem oportunidades para investimentos expressivos, tanto na melhoria da sua infraestrutura como ampliação de suas atividades com tecnologias de ponta, com parcelas cada vez mais importantes de produções locais. As oportunidades são infindáveis para intercâmbios interessantes.

Os fluxos de recursos não somente financeiros, mas de humanos e tecnológicos elevaram-se, e as oportunidades de ampliação dos seus mercados internos emergentes continuam bem mais altas do que dos países desenvolvidos. As comunicações melhoraram e as logísticas permitem transportes rápidos por todo o mundo.

O que parece então insuficiente? Muitos países tiveram espasmos de crescimento que afetaram os credores e investidores estrangeiros, e há necessidade de mostrar que os países estão preparados para um crescimento de longo prazo, ainda que flutuações sejam normais numa perspectiva de décadas. Ainda que as gestões sobre assuntos financeiros de curto prazo também sejam importantes, parece que são as perspectivas futuras de crescimento do mercado por muitas décadas que atraem os investimentos de grande porte, dispostos a transferirem tecnologias relevantes.

Como os quadros econômicos e políticos tendem a se alterar no tempo, centros de pesquisa se tornam relevantes para o contínuo aperfeiçoamento de tecnologias adaptadas às condições que variam em cada país, ainda que muitas tenham condições de atendimentos universais. No mínimo, uma tropicalização de muitas técnicas e sistemas acabam sendo necessárias.

Mais que as medidas pontuais, parece que as tendências precisam ficar mais claras, tanto nos aspectos tributários como dos encargos relacionados com os recursos humanos. O Brasil, por exemplo, sempre se manteve aberto para os relacionamentos com o exterior, mas acabou adotando medidas protecionistas pontuais, continuando fechado em alguns setores. É preciso que haja uma definição clara das regras a serem estabelecidas, havendo compreensão sobre o que está sendo perseguido para a sua economia.

Ainda que acomodações políticas sejam necessárias em qualquer país, os analistas experientes sabem que não existe possibilidade de uma gestão eficiente com a dispersão exagerada do poder de decisão por um número exagerado de autoridades com suas burocracias. Há que se contar com um núcleo claro de comando, tecnicamente informado, que tenha uma ideia do conjunto da política que está sendo adotado, com os objetivos definidos, os instrumentos que serão utilizados, as estratégicas que serão implementadas.

Sem um mínimo de canais adequados de comunicação entre os dois países, as potencialidades existentes poderão ser perdidas.


2 Comentários para “Relações Nipo-Brasileiras no Mundo Conturbado”

  1. wagner aguiar
    1  escreveu às 20:58 em 12 de junho de 2012:

    O sistema previdênciário do Brasil vai de mal a pior, com o envelhecimento da população brasileira, e dos setores da economia o que mais vem crescendo (pelo menos nas regiões norte e nordeste), é o setor de serviço, que para atender um elevado significativo do PIB tem de agregar uma parcela exorbitante da população. A transferêcia em tecnologia depaíses de ponta para os emergentes é feita por incentivos fiscais que aquecem a economia do Brasil. Porém, boa parte desse lucro vai para as transnacionais que são centrais fora do país. As centrais de pesquisas avaliam países que estão em baixa ou em alta, as multinacionais aproveitam para o deslocamento de suas empresas caso o país que elas estão alocadas não lhes der aparatos suficiente para sua permanência.

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 10:22 em 13 de junho de 2012:

    Caro Wagner Aguiar,

    Nem todo o seu comentário corresponde a verdade. Existem problemas previdenciários em todo o mundo. As empresas estrangeiras se interessam não somente pelo Brasil, mas todo o mundo emergente que apresenta oportunidades, e suas demandas estão crescendo. Não dependem dos incentivos fiscais. Temos que optar: ou ficamos isolados oque parece muito ruim, ou aproveitamos as vantagens da globalização, que são tanto para os estrangeiros como brasileiros.

    Paulo Yokota


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