Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Atual Política Econômica Brasileira

3 de julho de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , ,

Ninguém se sente confortável com o atual crescimento da economia mundial, principalmente quando até 2008 ele aparentava uma exuberância pouco conhecida no passado, alimentado por uma exagerada alavancagem do setor financeiro, que criou uma bolha imobiliária nos Estados Unidos, que acabou estourando, provocou um pânico e uma fuga para a segurança no mundo todo. Acabou-se a festa, e sua limpeza vai acabar exigindo um trabalho persistente de longo prazo.

Na coluna do professor Antonio Delfim Netto no Valor Econômico de hoje, ele registra a preocupante situação política, econômica e social no mundo atual, com um nevoeiro na Eurolândia que representa 25% da economia do mundo. Com os Estados Unidos, que conta com 20%, com um crescimento lento e demorado na sua recuperação. A China e os países asiáticos, que detêm 31% do globo, crescendo menos de 5%, com uma forte desaceleração quando comparada com as últimas décadas. Ainda que a inflação tenha sido praticamente banida do mundo, com pequenas exceções, isto não serve de consolo.

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Muitos alegam que o Brasil poderia ter uma performance melhor, e que as medidas de política econômica que estão sendo tomadas são pontuais, neste cenário conturbado. Mas Delfim Netto aponta medidas alvissareiras no Banco Central Europeu que reconhece o seu papel de emprestador de última instância, ainda que até Angela Merkel admita que muitos europeus conhecem o que se deveria fazer, mas não sabem como vencer as eleições que os credenciem para tanto.

Na política econômica brasileira, medidas recentemente tomadas pelo governo se seguem às outras já em vigor, que mostram que o governo está atento ao que acontece e caminha na direção correta, mesmo que não seja o milagre que todos aspiram. Vem se preservando a higidez do sistema financeiro local e procura-se manter o mercado interno para sustentar a continuidade do seu crescimento, mesmo com taxas mais modestas.

O governo vem privilegiando a aquisição das produções locais ou que tenham expressivos componentes locais, principalmente nos equipamentos necessários para a execução das obras de infraestrutura indispensáveis para melhorar a sua competitividade.

Ao mesmo tempo, estabelece um programa de crédito rural de R$ 87 bilhões para a comercialização e o custeio, e de R$ 28 bilhões para os investimentos, reconhecendo a área onde o Brasil mantém a competitividade internacional. Ao mesmo tempo, provoca um aumento de 34% nos programas de apoio aos médios produtores rurais, com juros de 5% ao ano.

Os grandes produtores, e entre eles algumas multinacionais, continuam introduzindo novas tecnologias com recursos próprios, ao mesmo tempo em que a agricultura familiar já vem sendo atendida. A força da produção de qualquer país está nos médios produtores, e no Brasil a regra está sendo comprovada pelas pesquisas da Embrapa.

Muitos analistas, na ânsia de serem críticos ao governo, acabam ignorando a profunda transformação qualitativa que está ocorrendo no país, com a sensível melhoria da distribuição de renda, que não só ocorre na periferia das grandes metrópoles, mas em todo o amplo interior brasileiro.

O que ainda parece insuficiente é a comunicação social do governo sobre assuntos mais profundos e técnicos, pois ela está sendo feita em quantidade, e não visando aqueles que podem liderar a formação de opinião, no Brasil e no exterior. Sente-se a necessidade que os escalões técnicos que estão melhorando, tenham diálogos mais abertos até com os que são considerados oposicionistas, acadêmicos ou analistas financeiros.



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