Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Fazendo do Limão a Limonada

9 de julho de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Economia, Política, webtown | Tags: , , | 4 Comentários »

Percorrendo os olhos pelos diversos meios de comunicação do mundo, percebe-se certo marasmo e decepção com a redução do ritmo de desenvolvimento que vinha ocorrendo no mundo. No site do Bloomberg, encontramos um perturbador artigo questionando se nos próximos 236 anos, tempo decorrido desde a sua Declaração de Independência, os Estados Unidos poderão sustentar a sua economia. No China Daily, questiona-se sobre o que acontecerá no futuro com os jovens atraídos do interior para os grandes centros urbanos diante da redução do seu ritmo de desenvolvimento. E no Brasil, os meios de comunicação social refletem a menor importância das comemorações da Revolução Constitucionalista de 1932 quando São Paulo se levantou contra o resto do país, que estava dominada por Getúlio Vargas, mostrando que seu peso relativo na Federação reduziu-se.

Deve-se reconhecer que esta mudança de ritmo do que vinha acontecendo para o quadro atual é sempre gerador de algumas frustrações, o que costuma ser aproveitado pelos mais pessimistas para divulgar os seus sentimentos. Mas sempre se podem ver os problemas de outros ângulos, mostrando que os desafios estão sendo enfrentados, podendo conduzir a novos avanços estimulantes.

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4 de julho nos Estados Unidos, jovens chineses procurando emprego e 9 de julho em São Paulo

O artigo do Bloomberg informa que muitas grandes empresas norte-americanas estão conscientes dos danos causados sobre o meio ambiente, e, apesar do país não se comprometer com metas tanto do Protocolo de Kyoto como dificultar compromissos com a maior agressividade no Rio + 20, procuram tomar as suas iniciativas, tentando ligar as suas imagens com os esforços pela sustentabilidade, formando o US Climate Action Partnership (US CAP), investindo bilhões de dólares neste sentido.

Dentro dos valores de sua cultura, desejam que os esforços sejam feitos pelo setor privado, com a mínima interferência governamental. Esperam que o 4 de julho deste ano reconcilie a América com um épico começo pensando no seu futuro com uma perspectiva de longo prazo.

Na China, o quadro dos desamparados trabalhadores vindos do interior para os grandes centros metropolitanos também reflete a tendência de interiorização do seu desenvolvimento, pois sua economia está se voltando para a ampliação do seu mercado interno, diante do quadro mundial, que não tem condições de ampliar os mercados para as suas exportações.

Trata-se de uma transição difícil, em que muitos ajustamentos terão que ser efetuados, com reformas sobre os quais os seus dirigentes estão conscientes. Como todas as dimensões chinesas são astronômicas, disseminam-se as preocupações em todo o mundo, que passou a depender fortemente da nova locomotiva da economia mundial. É difícil para a opinião pública mundial compreender que, mesmo com a sua desaceleração do ritmo de crescimento chinês, que vinha sendo criticado por ser exageradamente agressivo, o atual continua mais elevado que o resto do mundo, e eles estão se comprometendo a incorporar novos contingentes de populações que estavam na miséria absoluta nas economias de mercado.

No caso brasileiro, a importância relativa que São Paulo tinha no quadro nacional diluiu-se com a melhoria sensível da distribuição pessoal e regional da renda. Outros estados são hoje dinâmicos e contribuem para o desenvolvimento nacional, ainda que também dependam do que acontece na economia mundial da qual passaram a participar. O que também se reflete nos acontecimentos políticos, sociais e culturais, o que deve ser festejado.

Portanto, ha razões para o otimismo realista, pois parece que está se ampliando a consciência que não existem milagres que promovam as mudanças sem que esforços sejam despendidos. Tudo que está se processando exige perspectivas de prazo mais longo, pois os frutos destes trabalhos só aparecerão no futuro, que continuará a ser mais brilhante que o passado, como vem mostrando a história.


4 Comentários para “Fazendo do Limão a Limonada”

  1. wagner jorge alves aguiar
    1  escreveu às 19:08 em 16 de julho de 2012:

    Em um período de amarramento político do Brasil, houve quem dissesse que o país passou por um “milagre econômico”, a sexta economia do mundo. Após a redemocratização, paulatinamente ocorre a desconcentração das três áreas da economia para outras cidades, portanto, a hierarquia dos Estados vem diminuindo e outras cidades estão se desenvolvendo. Porém, isso faz com que haja um processo de migração muito grande do interior para os centros urbanos, o que pode ocasionar algumas anomias sociais.

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 10:30 em 17 de julho de 2012:

    Caro Wagner Jorge Alves Aguiar,

    Obrigado pelo comentário. Infelizmente, muitas das suas frases não incompreensíveis, e tenho que editá-las fazendo correções que suponho necessárias. Mas existem alguns conceitos que não são usuais, como “amarramento político”. “Milagre econômico” seria um efeito sem causa, o que não existe em economia. A descentralização brasileira veio ocorrendo antes da inauguração de Brasília, que a acelerou. Qualquer processo de desenvolvimento implica na redução da população rural. Imagino que estudos adicionais seriam recomendáveis, dadas as deficiências educacionais atuais.

    Paulo Yokota

  3. wagner jorge alves aguiar
    3  escreveu às 09:11 em 18 de julho de 2012:

    Obrigado por comentar, a palavra “amarramento político e milagre econômico”, foram denominadas para se referir ao período da ditadura militar. Eu tenho alguns livros de história que usaram esses termos, todavia, essas palavras já estão ultrapassadas.Tenha um bom dia, e mais uma vez obrigado por comentar o que eu escrevi.

  4. Paulo Yokota
    4  escreveu às 10:08 em 18 de julho de 2012:

    Caro Wagner Jorge Alves Aguiar,

    Obrigado pelo comentário. Isto que V. chama de “ditadura militar”, mesmo que contem de diversos livros e meios de comunicação, também pode ser um dos pontos de vista, que são muitos. Os “ditadores” tinham mandatos fixos, ainda que escolhidos indiretamente, o que parece original. Eles, na minha opinião, foram aproveitados pelos políticos conservadores, pois até Castelo Branco desejava encurtar o período autoritário, mas foi instado por alguns lideres civis a continuar até a sua substituiçao pelo Costa e Silva, que se impôs como candidato ao sufocar a rebelião militar que ocorria na Vila Militar do Rio de Janeiro. O que está registrado na história que pretende ser oficial, nem sempre corresponde a toda a verdade.

    Paulo Yokota


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