Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Programa Chinês Visando Aumentar Medalhas Olímpicas

2 de agosto de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , , ,

Quando a nadadora chinesa Ye Shiwen, de 16 anos, surpreende o mundo batendo recordes mundiais, melhor que os resultados que são obtidos pelos atletas masculinos, muitos acabam sendo obrigados a questionar o que está por trás desta performance que não se resume a ela, mas resulta na obtenção de muitas outras medalhas obtidas pelos chineses nestas Olimpíadas. Alguns até chegam a insinuar maldosamente a possibilidade de doping, ainda que os testes não apresentem nenhum indício. A China vem desenvolvendo, segundo artigo publicado no Valor Econômico em português, reproduzindo o do Financial Times, de autoria de Roger Blitz com a colaboração de Katrin Hille e Mure Dickie, um grande programa de longo prazo, que começa com a procura de jovens ainda nas tenras idades com qualificações diferenciadas, utilizando as escolas em todo o país.

No caso de Ye Shiwen, ainda aos sete anos, notou-se que suas mãos eram maiores que das suas colegas. Selecionada pelas autoridades chinesas, ela foi submetida a intenso treinamento de até cinco horas por dia, e intercâmbios no exterior, no caso dela com a Austrália que tem um histórico brilhante na sua modalidade. Os que obtêm sucesso acabam sendo devidamente remunerados com as mais variadas formas.

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Ye Shiwen ganhadora de duas medalhas de ouro em Londres

Certamente, os resultados alcançados por esta jovem são assombrosos, mostrando que ainda podem ser aperfeiçoados por muitos anos, em diversas modalidades de nado. Mas algo similar já vem acontecendo na ginástica, como em outras modalidades esportivas. Alguns chegam a insinuar que existem objetivos políticos e que isto é comum em regimes autoritários.

O fato concreto é que o esporte tornou-se um dos mecanismos de ascensão social, e existem muitas “bolsas” concedidas até por grandes universidades conhecidas em todo o mundo, quando atletas potenciais são identificados. Eles também estudam, mas contam com toda a assistência necessária para o desenvolvimento de suas habilidades, com treinamentos e técnicos.

Além deste treinamento, está se observando um forte intercâmbio internacional de atletas e técnicos que possam transmitir tecnologias esportivas que estão sendo continuamente absorvidas, como demonstram as competições. Até o Brasil contou com o benefício de técnicos estrangeiros que ajudaram a desenvolver algumas modalidades como a ginástica e o handebol, antes inexpressivas no país.

Também nos esportes mais tradicionais, verifica-se que tanto atletas como técnicos se beneficiam com intercâmbios no exterior, para acompanhar mais intensamente os desenvolvimentos que estão ocorrendo nas suas modalidades em diversos outros países, nas quais não eram tradicionais, mas que estão se tornando potências respeitáveis. Na maioria das modalidades ,a estatura que está melhorando com a alimentação na infância e adolescência acaba sendo uma qualificação respeitável.

Tudo está demonstrando que não se absorvem estas tecnologias em programas isolados ou temporários. Há necessidade de um esforço sistemático por um longo período, até criar uma “escola” que vai se desenvolvendo por si.

Os volumes dos gastos públicos, tanto na infraestrutura esportiva como nas publicidades, estão demonstrando que os esportes se consolidam como algo importante para a promoção, tanto do turismo como de negócios. Parece que é necessário considerar como parte dos investimentos que são feitos nos aperfeiçoamentos dos recursos humanos, parte da educação. Mas, como tudo, que estes dispêndios sejam feitos com a maior eficiência possível.



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