Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Dificuldades no Atendimento das Necessidades Culturais

16 de setembro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , ,

Sempre houve no Brasil publicações voltadas aos que já possuem uma bagagem para consumir artigos de alto nível intelectual, em número mais limitado. Atualmente, nota-se que se multiplicam os esforços para incluí-las nos veículos de comunicação mais ampla, como são bons exemplos os suplementos Eu & Fim de Semana do Valor Econômico e o Ilustríssima da Folha de S.Paulo, iniciativas que devem ser elogiadas. Visando ampliar o público que possa se interessar por estas leituras mais profundas, poderia se sugerir algumas orientações mais acessíveis para os que possuem predisposição para ingressar nestes temas mais árduos, principalmente entre os jovens.

Isto não ocorre somente nos textos que exigem um mínimo de preparo intelectual. O mesmo acontece nas artes plásticas, onde o adequado entendimento da arte contemporânea exige uma orientação mais organizada. A maioria dos visitantes de exposições como a Bienal de São Paulo, apesar de ficarem impressionados por algumas obras, confessa que não conseguiram entender o que os artistas desejam apresentar. O mesmo acontece com a disseminação da música chamada erudita, que além dos clássicos vem apresentando peças contemporâneas que fogem aos que muitos se acostumaram a ouvir.

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Como os editores destas publicações são competentes, tudo indica que a demanda por tais artigos mais difíceis de serem compreendidos está em alta, havendo também uma contribuição para que representem a vanguarda de uma tendência neste sentido. O que seria possível de se sugerir é que os mesmos contassem com introduções com linguagens mais acessíveis, sempre que possível, para facilitar o significado destas contribuições para aqueles que estão se iniciando nas suas apreciações. Muitas vezes isto é difícil, pois mesmo os autores ainda estão numa fase exploratória, especulando sobre assuntos que ainda não estão consagrados.

Ainda que nem tudo fique muito claro, pois poucos possuem a capacidade de avaliar muitos movimentos que ainda estão se iniciando, existem algumas tendências que já estão claras nos países culturalmente mais avançados, onde estas sofisticações já se tornaram usuais, estando consolidadas.

As elogiáveis tentativas de muitos intelectuais procurarem novas fronteiras dos conhecimentos, ou sofisticadas elaborações filosóficas são sempre bem-vindas, mesmo sabendo-se que não serão facilmente entendidas por todos. Mas poderiam se proporcionar alguns conhecimentos mais pedestres para os que estão se iniciando na apreciação de temas mais profundos, como uma forma quase educativa.

O Brasil já dispõe de intelectuais que possuem uma ampla formação que nos orgulha a todos. O que parece conveniente é uma massa crescente de brasileiros possa dar o devido valor às sofisticações que estão sendo alcançadas. Mesmo reconhecendo que existem especializações, nem sempre possíveis de serem compreendidos por todos, pode-se pretender que sejam acessíveis a um número crescente de leitores.

Um grave problema da comunicação faz com que mesmo pessoas que disponham de diversos cursos superiores na área das ciências humanas se desinteressem na leitura de artigos mais sofisticados, por exemplo, de economia, mesmo sabendo que suas consequências atinjam a todos. Alguns autores escrevem num “economês” difícil de ser compreendidos pelos que não são especialistas, ou entendidos superficialmente até por aqueles que possuem cursos superiores em economia.

Cada vez mais os seres humanos parecem necessitar de conhecimentos de humanidades que extravasam suas especialidades para poderem exercer seus papéis de verdadeiros cidadãos. Espera-se que os responsáveis pelos veículos de comunicação social possam ajudar a facilitar tais processos que são de interesse para o país. Escrever resumos introdutórios em linguagem acessível a todos certamente não desqualificará mesmo aqueles que se consideram que já conquistaram o elevado status de intelectuais.

Muitas vezes, a simplicidade é a marca de um grande intelectual.



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