Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Informações Sobre Assuntos e Tecnologias Agrícolas

29 de outubro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags:

Diante do longo trabalho que vim exercendo em funções relacionadas com a agricultura brasileira, eu deveria estar razoavelmente informado sobre os desenvolvimentos tecnológicos que continuam ocorrendo no Brasil neste segmento, até por acompanhar as principais publicações dos meios de comunicação social. Já registrei que, encartado na Folha de S.Paulo, venho recebendo um informe publicitário chamado Agroguia, editada pelo grupo Publique, que contém informações de alta relevância, e é sustentado por publicidades de pequenas e médias empresas privadas. No número deste fim de semana, entre outras informações de alto interesse, tomei conhecimento corrigindo minhas informações sobre a técnica do plantio direto, que hoje predomina no Brasil, bem como a agricultura de alta precisão.

AgroguiaK

Sempre pensei que a técnica do plantio direto tinha sido desenvolvida pela Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, que ajudou no processo, mas, como todas as inovações importantes na agricultura, vim saber que muito se deve à persistência de um “alemão louco de Rolândia”, Herbert Bartz, que, enfrentando problemas de erosão de suas terras com as chuvas intensas, procurou adaptar conhecimentos já existentes na Europa e nos Estados Unidos.

Apesar de ter iniciado o seu uso na companhia de outros colegas, foi ele que persistiu na sua aplicação e desenvolvimento, segundo um artigo escrito por Paulo Roque para o Agroguia. Todos sabem hoje que esta técnica que foi disseminada por todo o Brasil conseguiu aumentar a eficiência da lavoura brasileira de forma expressiva, reduzindo inclusive o seu impacto ambiental, por reduzir a liberação do CO2 do solo.

O material orgânico do plantio anterior é totalmente aproveitado na nova cultura, sendo fundamental o desenvolvimento que se conseguiu com alguns herbicidas, para combater algumas ervas daninha. Agregando-se conhecimentos provenientes do exterior, com os de algumas estações de pesquisa, conseguiu-se superar “… ao desconhecimento da suscetibilidade de certas ervas daninhas aos herbicidas, além da deficiência no manejo dos fatores biológicos, químico e climáticos, que influenciam ao desempenho dos produtos”, segundo Herbert Bartz.

“Com uma tecnologia constantemente em evolução, paralelo à melhoria da fertilidade do solo, as produtividades da soja e das demais culturas foram alcançando patamares maiores e o sistema se estabilizou”, prossegue ele. Bartz, segundo o artigo, foi requisitado para assessorar fabricantes de máquinas e implementos. Em 1976, foi nomeado membro do Conselho Assessor da Embrapa, no Centro Nacional de Pesquisas do Trigo de Passo Fundo, no Rio Grande do Sul.

Num outro artigo de Simone Rubim, com o título “Agricultura de precisão, ferramenta de gerenciamento”, informa-se os avanços que estão sendo obtidos nesta área, que está defasada com o que já ocorre no exterior. Entrevistando Ricardo Inamasu, da Rede de Agricultura de Precisão da Embrapa, informa-se que se procura o aumento da produtividade de acordo com as condições de cada área.

Como o campo não é uniforme, há variações de produtividade dependendo de suas características locais, e em muitos países, como o Japão, há centros de pesquisas a cada 50 quilômetros. “Tratar essas variações de forma mais adequada é o desafio da agricultura de precisão”, o que vem se conseguindo no exterior com novos sensores, como os que permitem visualizar a cor da planta, e verificar se há ou não deficiências em nutrientes.

Mas, o Lanapre – Laboratório de Referência Nacional em Agricultura de Precisão da Embrapa deverá funcionar como agente integrador das várias dimensões dessa técnica. Além do uso de ferramentas de alta tecnologia, serão também empregados no dia a dia das propriedades rurais, para maior organização e controle das atividades, dos gastos e produtividade em cada área.

Isto, que vem sendo introduzido desde 1929 nos Estados Unidos, só começou a ser cogitado no Brasil na década dos 1980, com os estudos iniciados em torno de 1990.

Parece indispensável que toda a sociedade brasileira tenha a plena consciência que o setor agropecuário do Brasil continua sendo um dos seus mais importantes sustentáculos, e continua havendo uma revolução no seu seio, que necessita ser de amplo conhecimento de todos que se interessam pelo desenvolvimento deste país. A imprensa brasileira tem um papel importante nesta conscientização.



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