Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

As Eleições Japonesas de Dezembro Próximo

23 de novembro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: , ,

Já informamos neste site que haverá no próximo dia 16 de dezembro eleições gerais no Japão, e as pesquisas que vêm sendo efetuadas mostram até agora que o LDP – Partido Liberal Democrata, o principal da oposição atual, conta com a possibilidade de obter maior número de parlamentares, constituindo com coligações a maioria para assumir o governo. O jornal japonês Yomiuri Shimbun apresenta um artigo onde figuram os principais pontos da plataforma eleitoral do LDP, que mais exerceu o poder depois da Segunda Guerra Mundial no Japão e tem como atual presidente o veterano político Shinzo Abe. Como esta plataforma poderá se tornar a base do próximo programa, parece interessante que se tome conhecimento da mesma. Como o regime político no Japão é parlamentarista, é costume manter um “shadow cabinet” que possui um programa já detalhado na eventualidade de assumir o poder.

Um ponto sensível para os eleitores japoneses é o atual sistema de autodefesa, principalmente diante das crises com a China e a Coreia, decorrentes das disputas de ilhas e do mar territorial. O artigo informa que se propõe a criação de um Conselho Nacional de Segurança junto ao gabinete do primeiro-ministro. O outro aspecto relevante é o que se pretende fazer para a reativação da economia japonesa, que se encontra com baixo crescimento, elevado déficit público e comércio exterior deficitário, além de sofrer uma tendência deflacionária.

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Shinzo Abe

Nas democracias maduras como a do Japão, estes programas são levados a sério, ainda que tenham que ser ajustados aos dos partidos que constituirão a coalizão para obter uma maioria estável. Mesmo desejando adotar uma posição nacionalista, não pode haver uma radicalização, que assustaria uma parcela dos eleitores com tendências mais moderadas.

Neste sentido, a recuperação mais rápida das dificuldades deixadas pelas radiações com o vazamento da usina atômica de Fukushima é importante, bem como mecanismos para a proteção da população de uma possibilidade de um terremoto de grande intensidade na região central do Japão. A plataforma do LDP tem como título “Nós vamos restaurar o Japão”.

As áreas abrangidas pelo programa estão agrupadas em cinco tópicos: revitalização da economia, educação, diplomacia, qualidade de vida e a recuperação do grande terremoto do leste do Japão. Está acompanhado de um “Policy Bank”, que fornece os detalhes das propostas constantes da plataforma.

O documento propõe elevar a capacidade do governo de gerenciar as crises. Do ponto de vista educacional, a proposta é no sentido da revisão de alguns livros de textos, revendo alguns tópicos fazendo considerações apropriadas sobre os episódios sensíveis aos seus vizinhos, como os relacionados com as guerras, ao mesmo tempo em que se efetua a reforma do sistema vigente. Entre outros aspectos, eles desejam compatibilizar as datas e anos com os sistemas vigentes no hemisfério norte do Ocidente.

No que se refere à defesa externa, pretendem ampliar e ajustar o atual sistema a presente realidade, aumentando a capacidade de equipamentos, inclusive com pessoal adicional. No que refere a política externa, a proposta é continuar com as alianças com os Estados Unidos como a pedra fundamental, promovendo mudanças na interpretação da Constituição para a autodefesa coletiva.

Também estão propondo uma força tarefa para ativar a economia japonesa, de forma a corrigir a superapreciação de sua moeda, propondo uma política monetária mais flexível, do tipo norte-americano com o chamado “monetary easing”. Também procuram acelerar as propostas de zonas de livre comércio como o TPP – Trans-Pacific Partnership, ainda que existam resistências dentro do Japão.

Ainda que seja prematuro saber a tendência do eleitorado japonês, tudo indica que o LDP procura apresentar a eles um programa que mostre uma disposição para atacar os principais problemas que estão sendo enfrentados pelo Japão.



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