Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Discussões Sobre a Possibilidade do Renmenbi Como Reserva

23 de novembro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , , ,

Como é conhecido por muitos, Michal Petis que trabalha na China é considerado também um importante conhecedor de economia, tratando no seu site, com grande frequência de assuntos complexos envolvendo aquele país. A mais recente discussão é sobre a possibilidade do renminbi ser transformado numa moeda destinada à reserva internacional, como acontece com o dólar norte-americano, o euro, o franco suíço e parcialmente com o yen japonês. Ele é pessimista sobre o assunto, pois entende que as autoridades chinesas não pretendem arcar com os custos que isto implicaria, tendo um elevado superávit comercial.

O fato concreto é que Michael Pettis tende a ignorar a importância dos chineses residentes no exterior, notadamente no Sudeste Asiático, com fortes relacionamentos comerciais e financeiros com a China. Constata-se que está havendo um refluxo de recursos daquele país para o exterior, diante da redução do seu processo de desenvolvimento, além das reformas que estão sendo exigidas, aumentando as incertezas sobre o futuro do país.

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Michael Pettis usa os comentários de Arvind Subramanian e Kessler Martin, que considera os mais fundamentados, observando que um conjunto de moedas asiáticas está se vinculando mais fortemente com o renminbi do que com o dólar. Dos dez países do leste asiático, sete estariam acompanhando mais de perto o renmembi, inclusive a Coreia, a Indonésia, Taiwan, Malásia, Cingapura e a Tailândia.

Segundo os dados, quando o dólar se move em 1%, estas moedas se movem 0,38% enquanto com a moeda chinesa acabam se movendo em 0,53%, o que leva muitos a considerar que está se formando um bloco em torno da moeda chinesa.

O argumento de Michael Pettis é que o dólar está se desvalorizando com a atual política dos Estados Unidos, e muitos países asiáticos não precisam acompanhá-lo, pois o seu volume de comércio com a China estão mais expressivos que com os norte-americanos. Ele argumenta que moeda forte não significa necessariamente uma economia mais forte, tanto que o dólar norte-americano se tornou a moeda internacional depois da Segunda Guerra Mundial, quando antes se utilizava a libra inglesa, e se mantinha o padrão ouro.

O fato concreto é que muito comércio asiático, que continua crescendo rapidamente, já é feito com base no renmembi, havendo sempre um saldo entre os parceiros comerciais, muitos deles chineses residentes no exterior. Não existe um rígido controle alfandegário, nem de fluxos monetários, quando se tratam destes empresários que possuem um significativo intercâmbio com a China.

Mesmo que renmembi não se transforme numa moeda de reserva, parece fato que ela está sendo utilizada como cotações de muitas mercadorias e serviços, merecendo a credibilidade dos que operam nestes mercados.

Tudo indica que existem esforços que estão sendo feitos pelos países asiáticos para formar uma zona de livre comércio, mas que de fato já existe entre empresários chineses residentes em diversos países. A transição das lideranças políticas já está em marcha, e os interesses dos chineses residentes no exterior se confundem os as atividades que eles mantêm dentro da própria China, como nas chamadas zonas especiais.

Independentemente de considerações teóricas e dos controles dos fluxos monetários, que ainda sofrem resistências dos sistemas bancários, parece que existe uma realidade que não pode ser mais ignorada, tendo uma importância no mínimo regional.



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