Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Especialista na China Considera que ela tem um Dream Team

29 de novembro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: , ,

Stephen S.Roach que foi chairman da Morgan Stanley Asia e é atualmente o senior fellow da Yale University, considerado um moderado analista especialista em China, apresenta seu artigo no Project Syndicate com uma opinião que diverge de muitos outros estrangeiros, predominantemente contrários aos chineses, que se preocupam com os novos líderes que estão assumindo o poder naquele país neste momento crucial para o mundo. Ele expressa que a maioria deles apresenta uma percepção melancólica, no sentido que as decisões tomadas pelos componentes do Partido Comunista Chinês são conservadoras e os novos líderes não contam com condições para efetuar as reformas necessárias, como ampliar o seu mercado interno. Divergindo destas posições, o articulista pondera apresentando seus argumentos, que a dupla de líderes Xi Jinping e Li Keqiang, com a nova Comissão Permanente do Politburo reduzida a sete membros, conta com as melhores condições para efetuar as reformas que aquele país está necessitando.

Utilizando a ressalva que ainda é prematuro para avaliar a direção que será adotada pela chamada dupla da quinta geração de líderes, ele expressa a opinião que ela pode executar um trabalho do tipo que Deng Xiaping provocou na China na sua época, ampliando o uso dos mecanismos de mercado, apesar de sua primeira declaração ter sido de prosseguimento da linha maoísta. O articulista considera que Xi Jinping assume a Secretaria Geral do Partido junto com o pleno comando militar do país já em condições mais consolidadas que os seus antecessores, devendo ser confirmado presidente nos primeiros meses do próximo ano com a liderança total do país. Tanto ele como Li Keqiang que deve assumir o posto de primeiro-ministro possuem sólidas formações e carreiras brilhantes na China, conhecendo mais o exterior do que a maioria dos líderes chineses, o que considera uma primeira condição relevante.

roach新华社照片,北京,2012年11月15日
  习近平同志像 
  新华社发P200710231044153059373072

Stephen S.Roach                        Xi Jinping                                 Li Keqiang

Como segundo argumento, ele entende que Li Keqiang assume como claro vice-líder, posição que o seu antecessor Wen Jiabao não possuía e teve que partilhar o poder com outros líderes. O novo primeiro-ministro, que é doutorado em economia, chefiou com a equipe do Banco Mundial um programa de reformas estruturais para a China, um roteiro que deverá adotar.

O terceiro argumento é que Wang Qishan, um dos mais experientes altos funcionários chinês será um dos sete componentes da Comissão Permanente do Politburo, podendo continuar a contribuir nos aspectos financeiros que bem conhece, acumulando as funções de combater a corrupção, que é considerado um ponto importante na limitação da China. O autor do artigo conhece este líder chinês por mais de 15 anos, e o considera muito adaptado às funções que deve exercer, considerado de vital importância. Os demais membros da Comissão Permanente, além de Xi Jinping e Li Keqiang são também executivos que tiveram a experiência de administrar regiões importantes da China como Xangai, Chongqing e Tianjin, importantes no desenvolvimento e urbanização.

Os críticos estrangeiros consideram que a China está enfrentando problemas complexos, mas constata-se que ela está se saindo da atual crise mundial de forma razoável. Isto dá margem de manobra para os novos líderes até março de 2013, quando deverá se realizar o novo Congresso Nacional Popular, como o último que escolheu estes líderes.

Tudo isto não minimiza os problemas, considera o autor do artigo, pois as mudanças estruturais necessárias são profundas, mas os novos líderes possuem as condições de atender as demandas, melhor que outros que poderiam estar ocupando os seus lugares. Apesar deles não terem manifestado publicamente suas posições reformistas, o autor considera que o mesmo aconteceu com outros líderes, inclusive Deng Xiaoping até consolidar o seu poder, o que também acontece em outros países, inclusive o Brasil no período autoritário.

Num sistema hierarquizado como o chinês, os que ocupam a posição de comando possuem um grande poder, e os que ainda aguardam a sua vez não devem se manifestar publicamente sobre assuntos que podem ser polêmicos. Com suas posições consolidadas podem começar a expressar suas opiniões dentro das orientações gerais que já foram estabelecidas pelo Partido Comunista nas últimas reuniões.

Espera-se que Stephen S. Roach tenha razão, pois no atual mundo conturbado, complicações na China seriam agravantes que torna os problemas mais complexos para todos os países.



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