Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

O Problema da Segurança Externa do Japão

11 de novembro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias | Tags: , ,

Diante do discurso do atual presidente da China, Hu Jintao, no 18º Congresso do PCC, informa-se que o ministro da Defesa do Japão, Satoshi Morimoto, procura acelerar os entendimentos visando a revisão do atual acordo entre os dois países, segundo artigo publicado no Japan Times como no Financial Times inglês. Como é sabido, desde o término da Segunda Guerra Mundial, o Japão comprometeu-se constitucionalmente a contar somente com um Sistema de Defesa, ficando na forte dependência de sua segurança externa em relação aos Estados Unidos. Mesmo com suas revisões mais recentes, o que predominava era uma hipótese de uma situação de paz na Ásia, e o fortalecimento militar da China vem alterando este quadro.

Existem muitos problemas que o Japão vem enfrentando, relacionado com as tropas norte-americanas estacionadas no país, como as constantes dificuldades dos seus soldados com as populações locais. Muitos entendem que é anormal um país que pretende ser independente contar com forças militares externas para cuidar da sua segurança externa. Ainda que a população japonesa seja a única que tenha sofrido os horrores de bombardeios atômicos, se pretende ser independente necessita contar com meios para a sua defesa externa, principalmente quando os Estados Unidos contam com crescentes dificuldades econômicas para manter o seu crescimento, mesmo nos níveis modestos. Ainda que isto seja indesejável. Compreende-se que sejam estabelecidos acordos multinacionais de segurança, junto com outros países do Pacífico, como a Austrália, ou asiáticos, como a Tailândia, mas parece impossível continuar indefinidamente com a proteção norte-americana.

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Ministro da Defesa do Japão, Satoshi Morimoto

Certamente, este é um grave dilema que exige uma decisão do povo japonês. Um professor de sociologia nos ensinava em suas aulas que existem fatores que são indesejáveis, mas a estabilidade de uma sociedade depende delas, na esperança que não sejam obrigadas a ser utilizadas. O ideal seria que não existisse polícia, mas esta não seria uma sociedade de seres humanos, sendo indispensável contar-se com forças para dissuadir aqueles que desejam romper suas harmonias.

Exatamente por não se desejar a guerra é que cada país tem que arcar com os custos de sua segurança externa. Também o Brasil, que vem investindo pesado no pré-sal, que segundo muitos estão fora dos limites aceitos internacionalmente como águas territoriais, necessita contar com poder militar para a sua defesa. Também as fronteiras internacionais do Brasil, notadamente na Amazônia, acabam sendo vulnerais a uma série de ações que não são de interesse nacional. Ainda que custosos, as forças armadas brasileiras necessitam contar com os meios para o seu efetivo controle, ainda que não deseje agredir os seus vizinhos.

Informa-se que alguns segmentos da sociedade japonesa estejam apelando para Barack Obama desnuclearizar suas forças armadas. Se fosse possível que todos os países promovessem estes esforços, no mínimo reduzindo os seus armamentos visando evitar os riscos potenciais, seria um sonho, mas não parece corresponder a triste realidade que enfrentamos.

São evidentes os esforços chineses para aumentar o seu poder militar, tanto para cuidar da segurança de suas rotas de abastecimento como explorar os potenciais de recursos dos oceanos que os cercam. Imaginar que as tensões com seus vizinhos serão eliminadas parece também um sonho que não corresponde à triste realidade. Lamentavelmente, os que não tiverem condições de manter a sua segurança internacional acabarão, no mínimo, como protetorado, quando não colônia de outras metrópoles.

Solicita-se que não tomem esta posição como a favor da beligerância, mas um pragmatismo da situação política internacional atual.



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