Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Transformações do Centro de Tóquio

7 de novembro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , , ,

Mesmo os mais experientes visitantes de diversas partes do mundo ficam impressionados com as mudanças que os japoneses provocam em partes de suas grandes metrópoles num período de crise econômica mundial. Parece ser de sua cultura derrubar edifícios que seriam considerados ainda novos para substituir por outros novíssimos, mudando toda a fisionomia de uma grande capital como Tóquio. Num artigo recente publicado no jornal econômico japonês Nikkei, destacam-se as mudanças que estão sendo provocados no bairro conhecido como Marunouchi, nos arredores da renovada estação de Tóquio.

Evidentemente, sabe-se que a construção civil sempre foi utilizada para ativar as economias, mas as fortes transformações gerais envolvendo não somente novos edifícios, mas todas as lojas e demais estabelecimentos de uma grande área impressionam até os mais acostumados às ousadias de novas cidades criadas. Não se restringem à Marunouchi, mas envolvem Otemachi e Yurakucho, chegando até Ginza, fazendo com que o centro de Tóquio se torne irreconhecível para quem o conheceu há apenas cerca de cinco anos passados, por exemplo.

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Todo o bairro de Marunouchi é de propriedade do grupo Mitsubishi, por intermédio da Mitsubishi Estate Co., localizando-se entre o Palácio Imperial e a linha férrea que conta com a Estação de Tóquio, totalmente renovada e que ganhou mais dois andares intermediários, mantendo a mesma cobertura construída no início do século passado pelos ingleses. As 75 empresas de maior prestígio na Bolsa de Tóquio ocupam os espaços dos seus edifícios representando cerca de 20% do PIB do Japão e os estrangeiros de grande expressão procuram ficar na sua proximidade.

Existe uma relação de 900% entre o terreno disponível e o total da construção permitida. O sistema ferroviário do Japão, que envolve o Shinkansen, ocupou somente 80% do terreno disponível na estação de Tóquio, tendo alienado o restante dos direitos para os demais edifícios do bairro de Marunouchi. É uma das formas pelos quais se gera os recursos que cobrem os déficits dos trens de alta velocidade sem o uso dos recursos orçamentários, o que deveria ser uma lição para o Brasil, pois somente o trecho em Tóquio e Osaka é rentável, e todas as demais no pequeno arquipélago que é o Japão são deficitárias.

Lá estão localizadas 880 lojas das mais luxuosas no mundo, com suas grifes que se transformaram em objetos de desejo dos consumidores internacionais dos mais refinados. Importante reafirmar que tudo isto foi inteiramente mudado nos últimos dez anos, de tal forma que os edifícios resistam a terremotos de magnitude 7 na escala sísmica japonesa, que reduziria a pó cidades como São Francisco ou Los Angeles nos Estados Unidos. Os edifícios foram construídos para se manterem por 72 horas somente com seus próprios meios após um eventual desastre total, tanto em termos de energia como água. Os mais refinados hotéis ficam na região, bem como restaurantes internacionais ficam localizados nos topos dos seus edifícios, bem como todos os diversos andares subterrâneos que são totalmente aproveitados.

Nada parecido pode ser encontrado sequer em Nova Iorque, Paris ou Londres, para citar os mais conhecidos, pois somente um edifício foi preservado onde um novo museu foi criado com a memória do bairro e da cidade. Aliás, fica até incompreensível que imóveis de importância histórica tenham sido derrubados para a construção deste bairro renovado. Uma rua atravessa o bairro, a Naka Dori (rua do meio), onde estão as mais importantes lojas do mundo, sendo que já em setembro sua decoração natalina foi inaugurada.

O que está acontecendo no centro de Tóquio observa-se também em outros bairros, ainda que numa escala menor. De qualquer forma, quem conheceu Tóquio há mais de cinco anos, acabaria se perdendo na nova capital.



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