Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

The Economist Comenta a Economia Brasileira

6 de dezembro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: , ,

A respeitável revista The Economist, na edição que está sendo distribuída neste fim de semana, expressa sua opinião dura e franca sobre o que está ocorrendo na economia brasileira. Referindo-se a quebra de confiança que estaria ocorrendo no Brasil, expressa que se Dilma Rousseff aspira um segundo mandato necessita substituir a sua equipe econômica, diante do desgaste provocado pelas previsões exageradamente otimistas do ministro da Fazenda Guido Mantega. Afirma que, quando ela foi eleita, a economia brasileira estava crescendo, mas as estimativas de expansão para este terceiro trimestre deste ano é de somente 0,6%, que considera a de uma “criatura moribunda”.

Segundo a revista, muitos analistas esperam um crescimento modesto de 1,5% no total deste ano, e não mais que 3% no próximo ano. A expressão B de Brasil no BRICs era de uma economia em rápido crescimento. Os motores do crescimento da década passada, segundo The Economist, desapareceram. Os preços das commodities exportadas pelo Brasil, ainda que permaneçam elevados, não são mais crescentes. Os consumidores estão pagando suas dívidas com as quais haviam comprado automóveis e televisões. O baixo desemprego atual significa que não se dispõe de recursos humanos ociosos que possam ser empregados nas novas atividades.

dilma-rousseff

Presidente Dilma Rousseff

Em vez de depender do consumo, o crescimento agora necessita vir de uma melhoria na produtividade e aumento de investimentos. Haveria necessidade de remover o “custo Brasil”: a combinação de burocracia, impostos pesados, crédito caro, infraestrutura deficiente e câmbio sobrevalorizado que está punindo os negócios no país, segundo a revista.

The Economist admite que Dilma Rousseff reconheçe a necessidade de melhorar a competitividade do Brasil. Sua equipe econômica afirma que o objetivo é enfatizar o lado da oferta, com investimentos liderando a recuperação. O Banco Central reduziu os juros em 5,25 pontos percentuais nos últimos 15 meses, chegando a 7,25%, apenas dois pontos acima da inflação. Isto ajudou a enfraquecer a moeda local, para ajudar a indústria brasileira. O governo reduziu alguns impostos para as manufaturas, mas não nos serviços. Está tentando reduzir as tarifas de energia, e convidando o setor privado para parcerias nos aeroportos, rodovias e ferrovias.

Apesar de tudo isto, os investimentos têm caído a cada trimestre nos últimos cinco. Agora eles estão ao nível de 18,7% do PIB, contra 30% no Peru, 27% no Chile e na Colômbia, as economias que mais crescem na América Latina. O setor privado está cauteloso, pois o governo interfere demasiadamente nos negócios no Brasil. Como exemplo, o aparente desejo de baixar a remuneração dos bancos, do setor elétrico e outros fornecedores de serviços de infraestrutura, mais que seu predecessor, Lula da Silva. Dilma Rousseff aparenta acreditar que o Estado deve orientar os investimentos privados. Esta microintervenção corroeu a confiança, inclusive na política macroeconômica, segundo a revista.

Segundo o The Economist, deveria se liberar o espírito animal dos empresários, parando de interferir nos negócios privados. Em vez de continuar a reduzir os custos financeiros, reformulando as leis trabalhistas, haveria condições do setor privado tomar suas decisões. A preocupação é quem lidera as intervenções é a própria presidente Dilma Rousseff, mas ela insiste que é pragmática. Se for assim, poderá demitir o ministro Guido Mantega, que, com suas previsões exageradamente otimistas, perdeu a confiança dos investidores, para reganhar a confiança dos empresários.

Segundo a revista, a esperança de Dilma Rousseff é que o pleno emprego e o aumento do salário real sejam suficientes para assegurar a sua reeleição em 2014. Mas isto depende da retomada do crescimento. Lula conseguiu o segundo mandato retirando milhões de brasileiros da pobreza, e Fernando Henrique pela redução da inflação. E a Dilma Rousseff? Os eleitores podem julgar que tentando equilibrar tantas bolas, ela pode derrubar a maioria delas, segundo o The Economist, que tem uma longa experiência mundial, mesmo com sua posição mais liberal.

O fato objetivo parece que estas posições do The Economist precisam ser levadas a sério, pois sua influência em todo o mundo é significativa, e mesmo que muitas desconfianças sejam alimentadas por setores prejudicados pela atual política, ela existe, e não pode ser subestimada.



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