Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

O Modesto Artífice Morito Ebine Faz Sucesso

18 de janeiro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , , ,

Se existe um modelo ideal de um artesão, este é Morito Ebine, modesto, empenhado, paciente, criativo, mestre na sua verdadeira acepção da palavra, que dá um grande valor aos instrumentos que utiliza. O jornalista Thiago Lotufo foi muito feliz na sua matéria publicada na revista do Itaú Personalité, com ótimas fotografias de Marcos Vilas Boas. Sintético, a edição só teve pequena falha de edição, com uma foto invertida dos seus livros, além de não esclarecer que as madeiras utilizadas devem ser certificadas ou obtidas nas demolições, para atender as atuais legislações conservacionistas.

O espírito de um grande artesão está na personalidade retratada de Morito Ebine, um japonês que optou por trabalhar finalmente em Santo Antônio do Pinhal, próximo a Campos do Jordão, na Serra da Mantiqueira. Modesto, com desdobrado cuidado sobre a coleção dos instrumentos que ele manipula, trato carinhoso e demorado das suas matérias-primas, as madeiras, um design simples e elegante. Ainda que seus produtos estejam à venda até em galerias de Nova Iorque, não tem a arrogância de muitos artistas mais modestos.

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Morito Ebine, se ateliê e algumas de suas peças

Apesar dos anos de dedicação que já começaram no Japão, ele se considera em constante aprendizado, com a modéstia que ainda não consegue fazer tudo que desejaria no seu trabalho. Com o seu amadurecimento, certamente chegará a rivalizar-se com os grandes mestres internacionais que possuem peças do mobiliário reconhecidas mundialmente, por décadas, alguns até brasileiros.

Ainda com suas limitações sobre o idioma português, não convence com discursos, mas pelo seu fino trabalho. Tratando as madeiras, que levaram anos para serem produzidas pelas árvores, outros tantos para terem as consistências desejadas, ele entende que não devem sofrer as agressões dos pregos e parafusos, ficando firmes somente pelos seus perfeitos encaixes.

Cada instrumento utilizado tem a sua finalidade, para as delicadas intervenções corretas, nada de violências desnecessárias. Mesmo no Japão, hoje se encontram poucos artesãos desta qualidade.

Estes ateliês costumam ser como as antigas corporações de ofício, pois nas escolas só podem ser fornecidos os rudimentos, quando a verdadeira arte exige anos de prática, começando como aprendizes e caminhando muito tempo para chegarem a oficiais, todos absorvendo o que seus mestres podem lhes oferecer.

Os seus ensinamentos são filosóficos, pois as mãos executam o que vão nas mentes, nos seus espíritos. Meditações, como as provocadas pelas cerimônias de chá, expressas em ideogramas, são utilizados.

Informa-se que os instrumentos que ele usa têm a gravação do ideograma “mar” que faz parte do seu nome. Isto significa que eles foram produzidos também pelo artesão Morito Ebine, como acontece em alguns casos. Eles são cuidadosamente afiados pessoalmente, e muitos são de seu uso exclusivo, pois cada artesão tem uma forma de utilizá-los, que podem danificar para os outros.

A reportagem e os dados disponíveis na internet geram o desejo incontrolável de conhecê-lo pessoalmente e ao seu ateliê, o que seria um programa certamente inesquecível.



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