Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Proposta Interessante Para a Preservação das Florestas

23 de fevereiro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: , , ,

A alemã Maritta Koch-Weser foi uma das mais competentes ecologistas que encontrei ao longo de muitos trabalhos relacionados com a Amazônia. Realista, sempre teve a ideia que não basta uma legislação exigindo que 50% das propriedades rurais na região fossem mantidas como reservas, ainda que ela seja das mais elogiáveis, como é no Brasil. Mas que é preciso que a preservação seja mais rentável que o desmatamento, além de todas as contribuições para reduzir a mudança climática, manutenção dos preciosos e complexos ecossistemas, de grande importância para a biodiversidade e o manejo das águas. Fez uma longa carreira no Banco Mundial e outras importantes organizações internacionais conservacionistas e hoje colabora no programa AmazonIEA do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo.

Maritta%20Koch-WeserApresentou um projeto preliminar para discussão, que teve a gentileza de me enviar, sobre a necessidade urgente de uma “Rainforest Business School” para estimular os negócios sustentáveis em florestas tropicais, que também ainda existem na Ásia e na África Central, mas que continuam desmatadas e queimadas em nível mundial, provocando 12 a 15% de todas as emissões globais anuais de CO2. Ela constata que na Amazônia brasileira houve uma redução no ritmo de sua destruição, mas que ainda ela está ocorrendo, o que não seria aceitável. Há um reconhecimento que recursos humanos especializados precisam ser providenciados para que todas as organizações públicas como privadas que trabalham com estes problemas sejam dotadas com profissionais qualificados, não contando somente com variados profissionais da mais elevada boa vontade.

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A ideia é sui generis, não existindo nenhuma instituição especializada no ramo em todo o mundo capaz de contribuir seriamente de forma significativa na realização do potencial da floresta mantida em pé. Vai além do preparo adequado de recursos humanos, ajudando tanto na pesquisa operacional como no estímulo às atividades de aproveitamento racional dos recursos florestais, como consta da sua apresentação.

Já existe uma infinidade de pequenos negócios com produtos florestais como aproveitamento dos óleos vegetais, fibras, resinas, xampus, nozes, cereais, frutas, especiarias, sucos, cacau selvagem, perfumes, cremes, produtos cosméticos e medicinais, borracha, pesca, ecoturismo e madeira certificada, entre os exemplos citados no documento. Estes negócios poderiam ser ampliados e dotados de patentes registradas, indo além da mera publicidade que também é necessária.

A estrutura proposta é contar com um segmento de ciência aplicada do tipo MIT – Massachusetts Institute of Technology, integrada ou conveniada com ensino “business school”; uma “business school” com MBA em rainforest, executivos para instituições do setor, capacitação de pessoal local; e, Rainforest ventures, criando oportunidades para novos projetos, encaminhamento para assistência start-up.

Maritta Koch-Wiser entende que as necessidades são diferenciadas para nichos sub-regionais, ecológicos e culturais, não havendo um currículo único para atender todas as necessidades, no que tem inteira razão. Haveria um básico com complementações especificas dependendo do caso.

Mas, ainda para discussão, propõe ter como temas do currículo a gestão da biodiversidade, ciências sociais e ética, leis e governanças, economia ambiental, finanças, infraestrutura, pesquisas e desenvolvimento de produtos orientados para o mercado.

O seu amplo relacionamento internacional, no que é ajudado por seu marido Caio Koch-Weser, brasileiro que fez também carreira no Banco Mundial, chegando a ministro Federal de Finanças da Alemanha, facilita o acesso aos imensos recursos indispensáveis ao projeto, ainda que ele comece com um financiamento para até 3 anos. Caio é atualmente Vice-Chairman do Deutch Bank e conselheiro de importantes organizações internacionais.

Tudo indica que este projeto é de grande importância, merecendo aperfeiçoamentos com a contribuição de todos. Muitas atividades conservacionistas brasileiros já recebem suportes internacionais e locais. O Brasil é o país mais interessado nestes esforços que devem ser constantemente fortalecidos e melhorados, com propostas objetivas que não sejam somente sonhos românticos. As urgências destas discussões e implementações são grandes, e parece que se deve começar imediatamente com algumas ações concretas.



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