Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

CFR Convoca Simpósio Segurança Ambiental

23 de março de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: , , ,

Uma das mais importantes organizações dos Estados Unidos, a poderosa think tank CFR – Council on Foreign Relations juntou-se à CI – Conservation International, uma das mais relevantes no mundo para a sustentabilidade para promover um Simpósio conjunto sobre “Recursos globais, a economia dos EUA e a segurança nacional”, consagrando que a segurança ambiental tornou-se a preocupação fundamental (mainstream) dos Estados Unidos. O evento reuniu a nata dos responsáveis pela inteligência do país, economistas de desenvolvimento, especialistas em defesa, biólogos da conservação e executivos de empresas para discutirem a rápida degradação dos recursos naturais do globo e suas terríveis implicações para a estabilidade e a prosperidade à longo prazo.

As discussões provocativas foram além do aquecimento global para avaliar as implicações do desmatamento e desertificação, o colapso da pesca, a destruição dos meios ambientes e a escassez de água. A CFR é conhecida pelas suas preocupações com temas como a paz no Oriente Médio, proliferação do poder nuclear e o aumento do poderio chinês, mostra que a sustentabilidade tornou-se a preocupação fundamental dos responsáveis pela política externa dos Estados Unidos.

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Segundo o artigo publicado por Stewart M.Patrick no site do Foreign Affairs, as razões para este simpósio são claras. A atividade humana tornou-se a força mais poderosa que afeta o Planeta, a tal ponto que alguns geólogos inventaram a expressão “Antropoceno” (anthropocene), que pode ser uma era curta, dada a velocidade de destruição do capital natural da Terra, das florestas tropicais aos oceanos de águas.

De forma global, os participantes afirmam que os governos não conseguem explicar para os mercados e setor privado os preços que devem custar os muitos serviços ambientais ou de ecosistemas que a natureza oferece que vão das terras aráveis, atmosfera limpa à água potável. Se a humanidade não conseguir reverter a situação, o Stockholm Resilience Center avisa que o mundo poderia estar diante de uma irreversível e abrupta mudança ambiental.

Segundo do autor, poderosas forças demográficas e econômicas estão impulsionando estas tendências. O mundo terá que arrumar espaço para mais 2 bilhões de habitantes nas próximas décadas até que a população mundial se estabilize em 9 bilhões. O consumo deles pressionarão por suprimentos, água, pescados e florestas, afetando a segurança internacional com consequências para a estabilidade política.

O artigo detalha os problemas relacionados com os controles das águas nas 263 bacias hidrográficas do mundo. As disponibilidades de terras aráveis provocarão violências como as que já se observam. Os desmatamentos continuarão a degradar as florestas, tornando os países vulneráveis a desastres ambientais.

Afirma-se que o mundo está cansado de megaconferências que nada decidem, como os muitos promovidos pelas Nações Unidas, devendo-se observar que o fracasso dos mesmos deve-se à falta de engajamento dos Estados Unidos entre os países mais importantes.

Os participantes do simpósio ofereceram várias sugestões. Em vez de acordos gerais, conceder maior importância às iniciativas unilaterais, ou coalizões de países quando possíveis. Procurar aumentar as ajudas externas para gestões de recursos naturais. Estimular parcerias, com certificações de cadeias complexas. Introdução de tecnologias de informação pelo mapeamento geoespacial para variadas finalidades. Prestigiar as iniciativas locais e de comunidades. Ainda que estas iniciativas sejam louváveis, o autor destaca que os entendimentos multilaterais não devem ser esquecidos, como a fixação de Objetivos de Desenvolvimento do Milênio.

No encerramento do evento, o presidente do CFR, Richard Haass, e o presidente do CI, Peter Seligman, e o vice-presidente Harrison Ford sublinharam a ligação direta entre os recursos globais, a economia dos Estados Unidos e a segurança nacional daquele país. Afirmaram que “a natureza não precisa de nós, mas nós precisamos da natureza”. No século XXI, os desafios de segurança mais importantes dispensam fronteiras, geográficas ou disciplinares.

Observa-se que estas recomendações do simpósio são tipicamente norte-americanas, não envolvendo o comprometimento nacional dos Estados Unidos com metas objetivas, que têm determinado o fracasso das diversas iniciativas multilaterais. Eles sempre desejaram iniciativas isoladas e próprias, sem se comprometerem com os que os envolveriam em conjunto com outros países. Parece sempre um caminho que não facilita o envolvimento de todos, pois os países mais poluidores continuam sendo os Estados Unidos e a China. Também acabaram em declarações que não parecem operacionais, com a transparência necessária para que cobranças possam ser efetuadas.



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