Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Preocupações com os Investimentos Brasileiros

15 de março de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , , , , ,

Todos concordam que o Brasil precisa elevar o percentual dos seus investimentos com relação ao PIB para conseguir a aceleração do seu desenvolvimento. Mas, diante da falta de confiança do setor privado, o que não é privilégio brasileiro, pois está acontecendo em muitos países, o governo procura estimulá-lo utilizando os instrumentos disponíveis. Lendo as manchetes do jornal Valor Econômico, fica-se induzido a fazer algumas reflexões sobre monopólios que parecem exigir uma adequada coordenação do governo e se possível estimular mais algumas descentralizações.

Um dos artigos elaborados por jornalistas como Fernando Torres, Catherine Vieira, Flávia Lima e Francisco Góes fala das concentrações dos investimentos da BNDESPar em algumas grandes empresas, sendo que o BNDES já conta com o monopólio dos financiamentos de longo prazo. Num outro artigo de André Borges e Daniel Rittner, o assunto é que a União vai bancar 80% do trem-bala estatizando o empreendimento, utilizando os fundos de pensões de empresas públicas, Previ, Petros e Funcet, além da Empresa de Planejamento e Logística – EPL, que amplia a sua participação para 45%, somando ainda a cogitação da Empresa Correio e Telégrafos participar com 5%, para completar a soma, evitando novo fracasso no leilão. Ao mesmo tempo, Claudia Safatle informa que a presidente Dilma Rousseff autoriza o ministro da Fazenda a repassar os recursos do Tesouro Nacional para o sistema bancário público e privado, medida que está sendo criticada por alguns. Será que este conjunto de medidas está devidamente coordenado pelo governo?

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Ainda existem muitas dúvidas sobre o trem-bala, pois este tipo de projetos são deficitários na maior parte do mundo, salvo trechos de transportes intensos, passando por grandes cidades com grandes populações. Três grupos despontam como prováveis concorrentes: os japoneses liderados pela Mitsui, os franceses encabeçados pela Alstom e pela SNCF e os espanhóis pela Talgo e Renfe, segundo o artigo. Três grupos brasileiros estariam sendo procurados: a Odebrecht Transport, a CCR e Invepar.

Como existem muitos projetos de transportes no Brasil, não se pode ignorar que estes grupos preferem os de sistemas metropolitanos que atendem determinadas metrópoles. As multinacionais estrangeiras produzem equipamentos com tecnologias de ponta e querem fornecê-las. As operadoras não desejam fazer os investimentos, mas funcionarem como prestadoras de serviços. O atual leilão dividiu a licitação em duas partes: uma para a operação e seleção de tecnologia, e outra para as obras civis.

No artigo relacionado com o BNDESPar há dados estatísticos mostrando a evolução destes investimentos desde 2002 a 2012, em 305 projetos, sendo 175 de forma direta e 137 indireta. Os vinte maiores estão detalhados começando com a Petrobras e a Vale, que juntas representam mais de 60% da carteira. Os interessados podem ter acesso a todas estas informações por intermédio do: http://www.valor.com.br/brasil/3044628/bndespar-concentra-ainda-mais-seus-investimentos .

Quatro outros artigos tratam da piora do desempenho na bolsa das empresas que contam com a participação do BNDESPar; outro analisa que existem dois focos diferentes na organização, um voltado aos grandes investimentos e outro em pequenos considerados estratégicos em termos de desenvolvimento tecnológico; outro ainda entrevista o diretor Julio Raimundo e o último procura captar as críticas de analistas. Eles merecem uma leitura cuidadosa.

Como o próprio BNDES é o único financiador de longo prazo para os diversos projetos brasileiros, seria desejável que toda a sua ação fosse coordenada por um setor do governo, pois há indicações que muitos dos gigantescos recursos alocados não estão ajustados a uma política clara de desenvolvimento do governo.



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