Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Complexo Industrial e Portuário de Pecém no Ceará

17 de abril de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , , ,

Observa-se um justificado entusiasmo no Ceará com a implantação do conjunto que denominam CIPP – Complexo Industrial e Portuário de Pecém, a cerca de 45 quilômetros de Fortaleza. Depois de uma incompreensível demora nas autorizações, está em plena execução a primeira Zona de Processamento da Exportação de porte no Brasil com o início das obras da CSP – Companhia Siderúrgica do Pecém, uma joint-venture da Vale com as coreanas Dongkuk e Posco que, na primeira fase prevista para 2015, deve permitir a produção de 3 milhões de toneladas/ano de chapas grossas, que serão basicamente exportadas.

O complexo já conta com um terminal portuário em pleno funcionamento, recebendo contêineres, bem como está preparado para receber carvão mineral importado, tanto para a produção de energia elétrica como para a siderurgia. Muitas indústrias já estão instaladas neste conjunto, destacando as produtoras de cimento e de equipamentos para a geração de energia eólica, aproveitando as excepcionais condições do litoral nordestino do Brasil. Verifica-se que já existem muitos técnicos coreanos na região, frequentando inclusive restaurantes da culinária local.

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Porto de Pecém e  Zona de Processamento da Exportação de Pecém

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Estes mecanismos estão em pleno uso em todo o mundo, e parte substancial do crescimento da China deveu-se a criação de inúmeras Zonas Especiais. Até no Japão atual, Tóquio foi transformada em Zona Especial para as multinacionais que desejem exercer suas atividades na Ásia, gozando de alguns privilégios fiscais.

No Brasil, a primeira tentativa foi a criação da Zona Franca de Manaus, visando basicamente a produção voltada para o mercado interno, utilizando componentes importados. Recentemente, foi aprovada uma no Acre, visando a exportação para países vizinhos. Estas estão em estudo, ainda sofrendo incompreensíveis resistências das empresas brasileiras, quando estes mecanismos exigem 80% de exportação, sendo que as produções voltadas para o mercado interno estão sujeitas a tributação.

Ainda que nem tudo esteja perfeito no Ceará, nota-se o entusiasmo e os esforços dos cearenses para aprenderem com estes mecanismos, efetuando os aperfeiçoamentos que se fizerem necessários. A infraestrutura básica está sendo providenciada pelo governo estadual, com suportes financeiros do Banco do Nordeste como do BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social.

Muitos grupos estrangeiros deverão ser atraídos para mecanismos desta natureza no Brasil que, mesmo com todas as suas dificuldades, continua sendo reconhecido como um país emergente com potencialidades imensas, inclusive com algumas exportações para países vizinhos e africanos, ou até mesmo para os países de origem destes investidores, aproveitando os recursos naturais disponíveis, que contarão com valores adicionais agregados.

Estão sendo providenciados os centros de pesquisa que permitirão as adaptações das tecnologias estrangeiras para as condições brasileiras. O máximo de providências para as demais condições, como oferta adequada de recursos humanos, está sendo pensado, ao lado das exigências de sustentabilidade que acompanham todas as grandes obras. Sempre ocorrerão limitações que deverão ser superadas com aperfeiçoamentos ao conjunto de medidas que já foram pensadas e avaliadas.

Este complexo, além do impacto sobre a região, deverá ser importante para demonstrar que também o Brasil se dispõe a ser mais agressivo com relação ao mercado internacional, de forma competitiva, para gerar as divisas que serão indispensáveis para o seu processo de desenvolvimento.



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