Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Educação dos Filhos na Era Digital

8 de abril de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: , ,

As discussões sobre a educação dos filhos ganham relevância num período em que, tudo indica, há uma exagerada valorização dos avanços tecnológicos em algumas sociedades, notadamente na área eletrônica. Os europeus parecem continuar a valorizar as formações mais humanísticas, muitos asiáticos que receberam uma influência dos ensinamentos de Confúcio valorizam a educação em si, mas também existem os que exageram nas exigências de elevadas performances econômicas. O artigo de Peter Catapano publicado no The New York Times e reproduzido no suplemento da Folha de S.Paulo proporciona a oportunidade para sua discussão.

Parece evidente que as crianças atuais, antes mesmo de frequentarem as primeiras escolas, são atraídas pelos variados instrumentos eletrônicos e digitais utilizados pelos seus pais, cujas imagens as fascinam antes mesmo que tenham uma razoável compreensão de como eles funcionam. Os métodos tradicionais de educação que seus pais receberam acabam parecendo obsoletos, mas os exemplos dados pelos pais parecem continuar válidos na formação básica de suas personalidades. Os atuais pais destas crianças possuem valores diferenciados, sendo que os norte-americanos parecem tender a valorizar exageradamente as eficiências econômicas, com extremos de especializações, ao lado de uma liberdade individual também muito flexível, que com a redução dos filhos, parecem assumir o comando até dos seus pais.

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Peter Catapano

Na educação europeia, parece prevalecer atitudes mais firmes dos pais, exigindo que seus filhos tenham maior disciplina e seu sistema educacional procura proporcionar uma formação mais ampla, que denominamos humanística, ainda que depois possam caminhar para uma especialização mais acentuada.

Na educação de muitas regiões asiáticas, a influência do confucionismo influenciou no sentido da valorização dos mais idosos, transmissores da cultura, ao mesmo tempo em que suas sociedades tendem a se hierarquizar. Desde o seu ingresso na corrida pela economia globalizada, parece que aumentou a admiração pela eficiência econômica, ainda que existam muitos que entendem que o relevante seja a felicidade dos seres humanos, que não se resume somente no acúmulo de bens materiais.

Evidentemente, diante dos problemas que estão sendo enfrentados pelo mundo com o exagero no prejuízo do meio ambiente, e diante de um mínimo já razoável da disponibilidade de bens materiais, outros valores passam a ser ressaltados também no Ocidente, como a sustentabilidade e a necessidade de preservação da ampla biodiversidade que ainda existe no mundo.

Mas, parece que parte da sociedade, talvez absorvido pela disputa no mercado, perdeu a capacidade de controle razoável do processo educacional, que começa em casa. Existem os que entendem que estes encargos são somente dos professores e das escolas, deixando maus exemplos para os seus filhos, que acabam absorvendo comportamentos que nem sempre são os desejáveis.

Sempre existe uma ampla variedade de situações, e todas são sempre preocupantes. Na medida em que se observa uma maior igualdade entre os sexos, muitas mães transferem parte substancial de suas funções para babás e outras auxiliares, isentando-se do seu papel fundamental na educação. Existem os que criticam as japonesas, por exemplo, por ficarem encarregadas da educação até que seus filhos se tornem adultos. Muitas acabam ficando com jornadas duplas, pois, além de exercerem suas atividades profissionais, acabam também acumulando funções domésticas, que nem sempre são partilhadas pelos homens.

Tudo indica que estas discussões precisam ser mais amplas e envolver todos os segmentos da população, sob o risco de estarmos distorcendo parte substancial do futuro de nossas sociedades.



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