Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Nordeste Asiático no Limite da Crise

29 de abril de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: , ,

Yuriko Koike escreve regularmente para o Project Syndicate. Ela é uma influente parlamentar japonesa, de origem acadêmica, que já foi ministra da defesa do Japão e continua desempenhando um papel importante na formulação da política externa do seu país como uma das líderes do seu partido, que está atualmente no comando do governo. Ela comenta a recusa da China em participar dos entendimentos anuais de cúpula com o Japão e a Coreia do Sul visando resolver os problemas existentes, ainda que seja a região mais dinâmica do mundo no momento, o que não é nada bom. Segundo ela, seria uma oportunidade para a criação de um mecanismo trilateral para diálogo institucionalizado entre os três grandes da região.

Estas reuniões de cúpula costumam ser aproveitadas para assinar acordos e não para iniciar as difíceis negociações entre os três países no momento de elevada tensão. A oportunidade poderia ser aproveitada para aumentar a estabilidade estratégica na região, mas parece que as tensões vão continuar. Seria uma sinalização para as suas populações da crescente interdependência econômica entre as três economias, no comércio, nos investimentos e nas cadeias de produção, como não poderia ser imaginado há 20 anos, como ocorreu na Europa depois da Segunda Guerra Mundial.

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Segundo ela, a ameaça mais imediata sobre os três países seria a ampliação do arsenal nuclear da Coreia do Norte. Enquanto isto perdurar, ninguém pode dar um passo em falso. A segurança recíproca poderia induzir ao aumento da cooperação, se os líderes máximos pudessem discutir a respeito. Mesmo com os riscos de segurança, os laços econômicos vieram se intensificando. Ninguém pode confiar inteiramente nas posições dos outros, e o único fato concreto é que o Japão vem mantendo uma forte aliança com os Estados Unidos, como nunca houve ao longo da história de grandes potências.

Segundo ela, na Ásia atual ninguém pode almejar hegemonias, e todos precisam apreender a conviver mesmo com suas diferenças. Os três países deveriam fortalecer os entendimentos diplomáticos, o que não vem acontecendo, e muitas declarações são destinadas para os consumos internos destes países. Alguns líderes japoneses e coreanos imaginam que a China pretende deslocar o papel dos Estados Unidos na região, consolidando-se como o País do Meio, com seus vizinhos dependendo de vassalagens,

Os chineses estão elevando a sua capacidade militar e tecnológica, para negar as vantagens dos Estados Unidos. Os seus vizinhos estão aprofundando suas relações econômicas, e a Ásia poderá ficar centrada na China, sem o disparo de um tiro. Na visão chinesa, o declínio dos Estados Unidos está forçando a impedir a ascensão da China. As diferenças de visões impedem o avanço dos entendimentos trilaterais.

Adotar a linha do confronto, segundo a autora, seria um erro grave. Ela entende que nenhum dos três países necessita abandonar suas reivindicações nacionais. Mas os seus líderes devem distinguir entre as aspirações realizáveis, explicando aos seus cidadãos as diferenças. Não parece existir um entendimento diplomático de soma zero. Também não lhe parece que as tendências atuais continuarão a prevalecer para sempre.

Segundo ela, o único beneficiário das tensões atuais é a Coreia do Norte. Isto deveria estimular a busca de uma verdadeira cooperação entre os três países, que lhes permitam conciliar suas visões e interesses.

Para um país como o Brasil, que sempre resolveu estes problemas com entendimentos diplomáticos, fica difícil compreender como diplomacias tão sofisticadas como no Extremo Oriente não sejam capazes de conciliar estas atuais diferenças.



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