Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Project Syndicate Pergunta se os BRICS Estão em Queda

5 de abril de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , ,

PSLogo002Como a economia mundial passou por anos de expansão até 2008, como costuma acontecer nos ciclos econômicos que não se consegue evitar até hoje, observam-se problemas que parecem não somente dos países emergentes incluídos como BRICS. O site do prestigioso Project Syndicate, que publica regularmente os mais variados autores consagrados em todo o mundo, abrangendo análises sempre interessantes, pergunta se que os BRICS estão em queda. Mas pode-se arguir se isto não estaria acontecendo em todo o mundo, salvo honrosas exceções, mostrando que o passa-se pelo ramo descendente de um forte ciclo. As exceções parecem concentrar-se entre os países de baixíssima renda per capita, que começam a sair da chamada miséria absoluta, dentro deste mundo globalizado.

Project Syndicate menciona com destaque artigos como de Joseph S. Nye que se refere à visita de Xi Jinping à Rússia para visitar Vladimir Putin, tentando renovar uma aliança importante que se manteve com a China no pós-Segunda Guerra Mundial para fazer face aos aliados. Noruriel Roubini, sempre considerado entre os mais pessimistas, que viajou por diversos países recentemente, menciona que a economia mundial não decola. Sanjaya Baru, que sempre escreve sobre a Índia, refere-se aos constantes atritos com a China, estes dois gigantes asiáticos.

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Zhang Monan, que analisa muito a China, menciona os diversos problemas de default da dívida soberana bem como casos de violências naquele país. Jaswant Singh também coloca problemas no bloco BRICS assim denominado por Jim O’Neill, ainda que poucos tenham algo em comum. Andre Velasco que costuma analisar a América Latina informa sobre os contrastes do Brasil com o México. Haruhiko Kuroda, que costuma analisar os problemas asiáticos, informa sobre os dilemas indianos. Ian Brenmer e Mark Y. Rosenberg falam da impaciência da África do Sul. Stephen S. Roach, que costuma analisar a China, pergunta se seu pouso será suave. O próprio Jim O’Neill, criador da sigla BRICS, pergunta se chegou novamente a hora dos emergentes, depois do início do crescimento nos Estados Unidos e na China.

Dezenas de outros artigos importantes, publicados no Project Syndicate e outros organismos credenciados e influentes poderiam ser citados tratando destes assuntos. O fato evidente é que erros cometidos por acadêmicos, cujas teorias tinham pouco da realidade, e abusos do sistema financeiro internacional que pensaram somente nas suas remunerações agravaram os problemas que já apresentavam indícios que o processo de desenvolvimento não seria contínuo, havendo alguns ajustamentos que deveriam ser efetuados, mas que muitos evitam.

Escrevi há muitos anos que o processo de incorporação de bilhões de trabalhadores, antes marginalizados, na atual economia globalizada, não se faria sem atritos. Muitos países, antes considerados desenvolvidos e que usufruíam de padrões de vida elevados, teriam que ceder seus empregos para os novos assalariados que ingressam no mercado de trabalho, aceitando remunerações mais baixas. Mesmo com a existência de mecanismos generosos desenvolvidos pela social democracia, seria difícil de sustentar seus padrões de vida, com aposentadorias e assistências sociais aos desempregados.

Ao mesmo tempo, muitos acadêmicos continuaram acreditando que seus modelos permitiam evitar os riscos que dependiam de fatores políticos não incluídos em suas análises, pensando que mecanismos automáticos eram capazes de corrigir eventuais problemas, quando existem fortes resistências para aceitar quedas de salários reais ou permitir maior mobilidade da mão de obra. Isto era conveniente para os que vivem de renda, não da produção, que sempre apresentam defasagens para suas adaptações que não são perfeitas.

Não parece inteligente que se continue lamentando sobre o leite derramado. Existem novos desafios a serem enfrentados, como os decorrentes da sustentabilidade, que ainda continua sendo sacrificada como na recuperação com o uso do petróleo e gás do xisto, fragrantemente poluidor. Avanços dos conhecimentos estão se processando em todo o mundo, ao mesmo tempo em que os recursos científicos continuam aumentando a idade média populacional do mundo, deixando pesados encargos para a manutenção de padrão de vida condigna para os idosos, que necessitam ser sustentados pelos que se encontram na ativa, cada vez em menor percentual.

Os desafios sempre foram os geradores de novas tecnologias, que precisam de tempo para se tornar operacionais. Mas, existem razões de otimismo, como as melhoras observadas na agropecuária que permitem a alimentação adequada de todos. Parece que basta que os seres humanos não sejam tolos suficientes para ingressarem em conflitos bélicos, que sempre exigiram recursos astronômicos que só beneficiam um grupo limitado de pessoas.



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