Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

A Cruzada de Bill Gates

7 de maio de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, Saúde, webtown | Tags: , , ,

Bill Gates, depois de acumular uma fortuna, dedica-se a trabalhos de cunho social, principalmente com preocupações com os países mais pobres, induzindo outros bilionários a fazer o mesmo. Num artigo publicado pelo Project Syndicate, ele descreve a necessidade de ajudar os países pobres na melhoria de suas estatísticas, notadamente nos diversos e precários atuais indicadores do desenvolvimento. Os doadores precisam tomar as decisões sobre onde concentrar os recursos escassos para financiar os seus programas de desenvolvimento, mas encontram limitações de dados para os seus julgamentos.

Tradicionalmente, os doadores como Bill Gates utilizam os dados como o PIB per capita, ou seja, os valores dos bens e serviços produzidos pela população de um país num determinado período, e as melhorias que estariam ocorrendo com os diversos esforços. No entanto, ele constata que estes dados ainda são precários, por todas as razões que discute no artigo. É muito difícil elaborar boas estatísticas que sejam comparáveis entre os diversos países ou no transcorrer do tempo. Ele cita que a internet ampliou o acesso às informações, inclusive para as crianças, de forma gratuita. Como isto seria medido pelo PIB? Pergunta ele.

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Bill Gates e sua esposa Melinda

O autor constata que o cálculo do PIB é particularmente grave na África subsaariana, onde ele concentra seus esforços. Ele cita o esforço do professor-assistente Morten Jerven, da Simon Fraser University, que passou anos estudando o assunto e que resultou num livro. Muitas dificuldades decorrem da dimensão da economia de subsistência onde não existem registros. A introdução dos telefones celulares aumentou substancialmente os dados estatísticos, sem que muitos entendessem que se tratava somente de uma anomalia estatística, sem refletir exatamente a melhoria econômica.

Existem estatísticas muito diferentes publicadas por organizações diversas como o Banco Mundial, os dados da Universidade de Pensilvânia e do Projeto iniciado por Angus Meddison, todos muito utilizados pelos estudiosos. Existem fatores como a inflação que alteram os dados básicos iguais. Mesmo os crescimentos acabam resultando em cifras totalmente diferentes. Isto leva muitos analistas a utilizarem outros indicadores, que também apresentam resultados discrepantes.

Alguns pesquisadores têm utilizado técnicas como as visitas regulares por domicílios, como faz o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Os dados demográficos e de saúde podem ajudar, bem como levantamentos que estão sendo feitos pelos satélites. O autor cita a utilização os Índices de Desenvolvimento Humano, com estatísticas de saúde e educação, havendo também os que utilizam dados de saneamento, nutrição, acesso a combustíveis e água. Muitos utilizam cestas básicas, pois os poderes de compra das moedas são desiguais.

Segundo Bill Gates, a melhoria destas estatísticas deve continuar ocorrendo com a ajuda das organizações internacionais como o Banco Mundial, como já vem ocorrendo, mas ainda não acontece de forma expressiva nos países extremamente pobres.

Bill Gates pessoalmente é um grande investidor em saúde na África, mas ele gostaria que os recursos realmente beneficiassem de forma mensurável para os que realmente necessitam.

O que parece possível de se constatar é que pessoas como ele ou Joseph Stiglitz estão passando a utilizar outros valores para julgar o que antes estava reduzido a dados econômicos, mostrando que apesar dos pesares, estão ocorrendo avanços na humanidade.



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