Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Escolha de Roberto Azevêdo para a OMC

9 de maio de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , , ,

Não deixa de ser uma agradável surpresa a escolha do diplomata brasileiro Roberto Azevêdo para ser o novo diretor geral da OMC – Organização Mundial do Comércio a partir de 1º de setembro próximo. O candidato mexicano Herminio Blanco, preferido pelos Estados Unidos e pela Europa, acabou sendo derrotado, admitindo o resultado ainda a ser confirmado. O significado desta decisão ainda não permite uma avaliação final, mas há indícios de mudanças significativas na governança mundial, como a alteração do quadro em que os países desenvolvidos eram determinantes nas escolhas deste tipo.

Há tempos em que se manifestam insatisfações dos países emergentes e em desenvolvimento com as escolhas que vinham se fazendo nas Nações Unidas, no Banco Mundial, no FMI e outros organismos internacionais que ainda detêm um poder importante, ainda que menos influente que no passado. Os Estados Unidos, que ainda são os mais importantes no mundo econômico, não possuem mais o poder político para decidir estas escolhas. A Europa enfrenta crescentes dificuldades, enquanto os emergentes, principalmente os componentes do grupo denominado BRICS – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, ganham importância, ao lado de muitos outros que já possuem níveis de renda per capita intermediários.

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Roberto Azevêdo

A liberalização do comércio internacional vem encontrando dificuldades e a chamada Rodada Doha está bloqueada há uma década. Os países desenvolvidos desejam maiores facilidades para colocar seus produtos de alto valor agregado, mas não se dispõem a facilitar a importação de produtos primários, principalmente os agropecuários. A Europa insiste em manter os privilégios do seu meio rural, ainda que não sejam competitivos, alegando que desejam preservar a forma de vida de sua população rural.

Novos países emergentes vinham ampliando suas exportações de produtos manufaturados até a crise de 2007/2008 que se abateu sobre o mundo. Os setores financeiros internacionais ainda preservam seus privilégios, não aceitando sequer uma regulamentação mais rigorosa dos fluxos financeiros mundiais que pesam mais nas determinações dos câmbios, taxas de juros, cotações nas bolsas, e outros fatores relevantes na economia.

Uma convivência internacional mais equilibrada se torna imperativa, mas na atual situação econômica, nenhum país se mostra disposto a fazer concessões. O que vem ocorrendo são acordos bilaterais ou regionais que excluem os demais países dos entendimentos, o que pode ter ampliado a restrição aos preferidos pelos desenvolvidos.

Existem outros problemas que dependem também da OMC, como o caso das patentes que asseguram os direitos das propriedades intelectuais, mesmo com prejuízos de vidas. O caso dos medicamentos relevantes para as populações pobres ainda estão liberadas somente de forma parcial.

O que se espera é que a qualificação pessoal do embaixador brasileiro Roberto Azevêdo tenha condições de estabelecer um mínimo de entendimento que facilite o encaminhamento de algumas questões cruciais, pois o mundo está necessitando de medidas que permitam que todos se beneficiem com o aumento do volume do comércio internacional.



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