Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Influência da Agricultura Brasileira na Economia

14 de maio de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , ,

Nilson Teixeira, economista chefe do Credit Suisse no Brasil, considerado um dos melhores profissionais da área, fez uma brilhante apresentação no Cosec – Conselho Superior de Economia da Fiesp – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo. Ele foi um dos economistas que previu a desaceleração da economia brasileira em 2012, quando muitos ainda acreditavam que havia como sustentar um crescimento mais robusto. Agora, ele está vendo um crescimento melhor para 2013 e 2014, ainda que muitos dos seus colegas não acreditem nesta possibilidade.

Ele é um profissional preparado que utiliza uma série de modelos para seus estudos, inclusive o Samba, utilizado pelo Depep – Departamento de Pesquisa Econômica do Banco Central do Brasil, e sendo extremamente cuidadoso sabe que as projeções econômicas estão sujeitas a chuvas e trovoadas. Utiliza cuidadosamente um grande conjunto de informações, que não se referem exclusivamente aos dados econômicos. Suas apostas são de uma inflação menor do que a prevista pelo chamado mercado, com um crescimento ligeiramente superior, ainda que não chegue às estimativas oficiais.

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Nilson Teixeira, do Credit Suisse. Foto: Helcio Nagamine/FIESP

Entre os muitos dados que ele utiliza, destacam-se os relacionados com o comportamento do setor rural brasileiro. Ele informa que a demanda de caminhões está mais elevada neste ano, e que parte da inflação será beneficiada por uma safra agrícola que foi excepcional, ainda que prejudicada em parte pela seca, principalmente no nordeste brasileiro.

Na realidade, a demanda de caminhões pode ser considerada uma “proxy”, ou aproximação de todas as demais demandas provocadas por uma boa safra agrícola. As demandas de tratores e equipamentos agrícolas continuam elevadas, bem como todos os insumos utilizados no setor rural, como sementes, fertilizantes e defensivos, além dos investimentos que estão sendo feitos em silos e outros sistemas de apoio para colheitas melhores.

As rendas proporcionadas por uma boa safra, ainda que tenham alguns dos seus preços prejudicados pelos gargalos na infraestrutura de escoamento, elevam também outras demandas no interior brasileiro. Imóveis, automóveis, eletrodomésticos e tudo que pode ser fornecido pelo mercado interno ou pela importação se mostram aquecidos.

Existem também estímulos para os serviços, como de transportes, seguros, créditos, armazenagem etc. E as atividades agroindustriais que processam parte destas produções também acabam sendo estimuladas. As receitas tributárias dos municípios do interior acabam sendo elevadas, com parte sendo investida em estradas municipais e outros atendimentos da população destas localidades.

Como a grande maioria dos analistas econômicos estão localizados nos centros urbanos, pouco informados sobre o que acontece no interior, acabam menos sensíveis às movimentações que ocorrem, por exemplo, nas feiras rurais. Existem, portanto, dados que colaboram com o otimismo expresso por Nilson Teixeira, ainda que muitos empresários continuem sendo afetados no seu estado de espírito pelo que acontece na indústria e nos dados macroeconômicos.



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